AS CASAS FINANCIADAS PELA SÃO PAULO-PARANÁ.


Em 1937, a "Caixa" da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná entregava as casas que construíra no quadrilátero Avenida Altino Arantes/Monsenhor Córdova/Rua do  Expedicionário. Eram 14 casas modernas, com 3 e 4 dormitórios, sala, copa, banheiro e cozinha, algumas com duas varandas e um vasto quintal. Obra do construtor Henrique Tocalino, que já construíra as primeiras estações da companhia inglesa. 
"A "Caixa" financiara essas casas para os empregados mais graduados. As duas maiores ficavam na Altino Arantes, logo após o sobrado do médico Hermelino Agnes de Leão, tendo sido adquiridas  pelo contador da empresa, Benedito Monteiro  e pelo  Chefe de Movimento, Carlos Eduardo Devienne.
Foi o primeiro impulso de renovação arquitetônica da cidade, seguido por outro, quatro anos depois, graças ao novo lote de cerca de  de vinte casas construídas no quadrilátero Rio de Janeiro/Souza Soutelo/Arlindo Luz e Cardoso Ribeiro, entre 1941 e 1943. Esse segundo lote de casas marcou o início de um novo estilo arquitetônico residencial na cidade, o de Ezelino Zório, sobrinho de Henrique Tocalino,  também responsável pela edificação da nova Igreja Matriz. A residência mais bonita que ele construiu foi a de Silvano Chiaradia, podendo  ser apreciada ainda com características originais na Expedicionário, entre Antônio Carlos Mori e Cardoso Ribeiro. Outra construção muito bonita de sua lavra são dois sobrados geminados da Altino Arantes, um deles tendo sido residência do médico Alfredo de Almeida Bessa.
As casas do primeiro quadrilátero citado já passaram por várias reformas que modificaram totalmente o seu estilo original; já no segundo ainda se podem encontrar algumas poucas que ainda  conservam suas  características originais, entre essas a de meu pai, na Rua Souza Soutelo, 294.
A foto que ilustra este artigo é do livro "Ourinhos - memórias de uma cidade paulista", do jornalista Jefferson Del Rios. Não se sabe a autoria da foto que, provavelmente, foi tomada do reservatório de água que ficava no topo da Altino Arantes. Note que no quarteirão seguinte ao quadrilátero ainda não havia construções.


Esta é a casa que Francisco de Almeida Lopes, autor da foto em slide, adquiriu em 1943, com financiamento da "Caixa da SPP" . Obra de Ezelino Zório.
A foto é dos anos 1970.
Rua Souza Soutello esquina com Rio de Janeiro.

Comentários

Anônimo disse…
José Carlos
Para complementar suas informações, informo o seguinte:-
(da esquerda para direita)
1- Primeira casa (frente para Altino Arantes e aparecem três vitros):- casa do Juca e Nadir Camerlingo;
2- O muro:- hoje são duas clínicas odontológicas;
3- Segunda casa:- IPMO - Instituto de Previdência do Município;
4- Terceira casa:- casa do Sr. Rubens e Tereza de Souza;
5- Quarta casa:- casa do Péricles e Dina Migliari;
6- Quinta casa:- casa do Tonico e Ilma Saraiva; e
7- Terreno baldio:- Fuad Despachante, antiga casa do Tico Migliari.
Em frente a estas casas moravam as Famílias Baccili, Sr. Mário Zanoto, Sr. Quincas Machado, Dr. Júlio dos Santos e outros.
Obrigado
Fernando Saraiva
Noel Cerqueira comentou:
Prezado José Carlos;

Parabens pela continuidade do trabalho - belas fotos e suas histórias.
Os ingleses, no caso das residências, atendia os funcionáriios mais
graduados. NO entanto, também se preocupava com os demais
ferroviários. Por exemplo, no final dos anos 30 e início das década de
40, a sua administração praticava o crédito consignado - com desconto
em folha. Meu pai, então açougueiro na avenida Jacinto Sá, fornecia
carne para a família dos ferroviários através de anotação em
caderneta. No final do mes, as cadernetas eram recolhidas com as
anotações e enviadas ao escritório da ferroviária para conferência e
o devido desconto no salário do funcionário. Papai contava que eram
500 cadernetas - imagine fornecer carne durante o mês para número
igual de famílias - montava valores expressivos. Também por isso deve
ter lamentado o fim da concessão e a estatização da ferrovia, cuja
administração demonstrava competência e preocupação com o bem estar
dos seus empregados. Um forte abraço, Noel.
P/S - As casas da Rodrigues Alves, com seus belos jardins, além dos
animais exóticos como pavões e silvestres como veados - para nosso
deleite - ainda exibiam uma placa VIA PERMANENTE - designação do
leito da ferrovia (acho . . . !)
Agradeço ao Fernando Saraiva e Noel Cerqueira as informações encaminhadas.
Abraços.
José Carlos
Pedro Luiz Trevisan disse…
Jose Carlos, esta foto é em frente a casa dos meus pais. Luiz Danilo Trevisan e D. Alzira. Me lembro que nela moraram a minha professora do terceiro ano primario, Profª Maria Augusta nos anos 60, e ultimamente era a imobiliaria do Sr Agenor Pedrotti.

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