7 - A EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA NAS PRIMEIRAS DÉCADAS: O EXTERNATO RUI BARBOSA.

OURINHOS, 100 ANOS DE HISTÓRIA

1 - Origem - O café e a ferrovia.


Ourinhos teve por pai o café e por mãe a ferrovia.
O avanço do café em busca de nova áreas de plantio, em finais do século XIX, trouxe para região do Paranapanema muitos cafeicultores, tanto  para o  lado  paranaense como para o lado paulista.

Assim, em meados da primeira década do século se constituiu um povoado de nome Ourinho e uma estação ferroviária da Estrada de Ferro Sorocabana foi construída.
Ourinhos, então um distrito de Salto Grande,  alcançou em 13 de dezembro de 1918,  tornando-se um município.










 Na primeira  metade dos anos 1920, partia de Ourinhos a primeira locomotiva demandando o norte do Paraná  sobre os trilhos da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, que foi adquirida em 1928 por  capitalistas ingleses.





Ourinhos então   passou a sediar o escritório central e as oficinas dessa  ferrovia.

Mapa da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná na segunda metade dos anos 1930.


2 - A primeira década: os imigrantes e a expansão inicial da cidade.

É evidente, o papel fundamental que a imbricação de duas ferrovias teve para o progresso do pequeno município de Ourinhos, a partir de finais dos anos 1920.
Os reflexos dessa situação fazer-se-iam sentir na década seguinte, ou seja nos anos 1930. 
Falemos agora sobre a origem dos primeiros habitantes de Ourinhos.
A grande maioria das famílias que se estabeleceram em Ourinhos era constituída por imigrantes: italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, sírio-libaneses e judeus. Houve, é claro, famílias brasileiras também.
Algumas famílias de imigrantes  trabalharam,  inicialmente, nas fazendas do município, vindo mais tarde para a cidade, onde dedicaram-se a outras atividades como empregados ou por conta própria.
A grande maioria dos imigrantes, que se estabeleceram no núcleo urbano em seus primórdios, dedicou-se ao comércio, grande e pequeno  e à indústria. 
O fazendeiro Jacinto Ferreira de Sá,  proprietário da gleba de terra que deu origem ao povoado, procedeu a um loteamento composto de ruas e avenidas largas, na parte norte (acima da atual Jacinto Sá). Esse fato determinou o início da urbanização nesse sentido da cidade.
O primeiro templo protestante foi instalado em um prédio erguido em terreno doado por Jacinto Ferreira de Sá, na atual Rua São Paulo.
A pedra fundamental da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus foi lançada em 7 de Junho de 1920, defronte para um descampado que daria origem à principal praça da cidade, a Praça Melo Peixoto.


Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, anos 1920

Praça Melo Peixoto, em 1930

A nova estação ferroviária, inaugurada em 1927, tinha sua entrada voltada para esse lado, de costas para a Avenida Jacinto Sá.



Estação Ferroviária da Sorocabana, na ala à esquerda a plataforma de embarque da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná

As primeiras casas de secos e molhados , roupas, tecidos e calçados foram instaladas na parte nova da cidade, próximas da estação ferroviária: a Casa Matachana, Casa Zanotto e Casa Amaral. Esses estabelecimentos tinham, no fundo da loja ou  ao lado, a residência das famílias.  Logo acima da linha do trem, estabeleceu-se um dos primeiros hotéis - o Hotel Comercial (Rua Antônio Prado), que ainda está em funcionamento.
Essa foi a primeira fachada do Hotel Comercial. 




Casa Zanotto, na Praça Melo Peixoto. 


Numa das artérias da cidade, a Rua Paraná, que se iniciava na futura Praça Melo Peixoto, prédios começaram a  ser construídos, tornando-a a principal rua do comércio. No início dos anos 1930, nela foram instaladas uma grande casa de secos e molhados, a Casa Camargo, uma serraria e casa comercial da família Mori e o Armazém do Chico Vara . O primeiro Grupo Escolar também  foi erguido na Rua Paraná.


Casa Camargo, depois Casa Tone, na esquina da Rua Paraná com Souza Soutello.
Foto por Frederico Hahn 

No sentido da divisa com o Paraná, a ocorrência de matéria prima para a fabricação de tijolos, telhas, manilhas e vasos atraiu para essa área várias famílias de origem italiana, formando-se  ali a Vila Odilon. 



3 - O ESPORTE

Como não podia deixar de ser, a prática do futebol nasceu cedo em Ourinhos.
Como relata o professor Carlos Lopes Bahia, dois times surgiram logo nos primeiros anos da cidade:

"No dia 5 de junho de 1919 um grupo de moradores fundava o Clube Atlético Ourinhense. No dia 27 de junho de 1920 a classe dos trabalhadores fu'ndou o Esporte Clube Operário."

Até os anos 1940, esses dois times monopolizariam a vida esportiva da cidade com disputas memoráveis que a imprensa registrou.
Embora o nome "Operário", esse clube também tinha em sua diretoria membros da classe média.

Vemos abaixo dois momentos do "Operário", anos 1930 e início dos anos 1940.




O saudoso Francisco Soares (Chicão, irmão da professora Esmeralda Soares ,  assim se referiu ao Operário:
Quando ele perdia um jogo, sua torcida subia para o centro da cidade  perturbando. Dona Benedita, esposa do Miguel Cury, que era uma apaixonada. Sempre que ia ao campo, levava um guarda-chuva para protegê-la de chuva ou de sol. Em suas mãos, ele era uma verdadeira arma que ela brandia sobre as cabeças de torcedores operarianos que a provocavam Isto passou a ser um fato histórico em nossa cidade.

4 -  O ESPORTE - II

No alvorecer dos anos 1930, o Município de Ourinhos segundo artigo de J.B. Guerreiro, contava com cerca de 15.000 habitantes, dos quais por volta de 3.500 moravam na cidade. 
Surpresa das surpresas, com essa população pequena a cidade tinha três clubes de futebol Esporte Clube Operário, Aurora Futebol Clube e Clube Atlético Ourinhense
Para dirigir o "Operário" haviam sido eleitos em assembléia geral de 1931:

Presidente: Hermenegildo Zanotto
Vice-Presidente: Chede Jorge
1. Secretario : Luiz Zanotto
2. Secretario : Altamiro Pinheiro
1. Thezoureiro : Humberto Detogni
2. Thezoureiro: Antonio Carlos Mori
Director Geral ! Lazaro dos Santos
Orador Official: Prof. Joaquim Pedroso Filho
Conselho Fiscal : Manoel Teixeira, João Du­arte Medeiros e Oswaldo Pareto Torres
Director Esportivo : Américo de Carvalho
1. Capitão : Leontino Ferreira
2. Capitão : José Rezende Gomes

A diretoria do "Aurora", eleita em 1931,  era composta por: 

Presidente: Sebastião Jorge Mo­raes;
Vice-presidente; Moacyr Teixeira;
 1 .o Secretario: Oswaldo Vieira
2.o Secretario: Jorge Ribeiro;
Thesoureiro: Ataliba Nascimento;
Director-esportivo Humberto Mori;
 Commissão de syndicancia: José Beltrami, Pe­dro Martins e Alfredo Gonçalves

E o novo clube, fundado em julho de 1931, Clube Atlético Ourinhense , conforme notícia publicada na edição de 5-7-1931 de "A Voz do Povo":

NOVO CLUBE
Por deliberação de diver­sas pessôas desta localida­de, procedeu-se a uma reu­nião afim de fundar um no­vo Clube para a pratica do futebol.
Nessa reunião foi escolhido o nome do Clube, o qual passará a chamar-se “CLUBE ATHLETICO OURINHENSE“.
Igualmente realisou-se a eleição da Directoria do novel Clube a qual está assim constituída: 
 Presidente: sr. Ítalo Ferrari
Vice-Presi­dente: Carlos Devienne
1.0 Secretario: sr. José Borges de Faria
2.o Secretarie: João Lauro de Campos
3.o Secretario: Evilasio Vianna
 l.o Thesoureiro: Donato Sassi
2.o Thesoureiro: sr. João Crivellari
3.o Thesoureiro; Antonio Nicomedes Peixe
l.o Director Geral sr. Edison Leonis
2.o Director Geral: Antonio Ferraz
l.o Director Esportivo; sr. Aristides Vianna
2.o Director Es­portivo; sr. Pedro Carrara 
Conselho Fiscal; srs. Julio Móri, Marcos Trench, Adriano Braz e Francisco  Vara
Commissão de Syndicancia: srs. Joaquim Benatto, Alberto Motta e Antonio Saladini 


Primeira fileira: em pé João Batista Crivelari, sentados Mário Mori, Miguel Cury, Júlio Mori, Ítalo Ferrari - Antonio Saladini, Antônio Dias Ferraz; atrás em pé: Evilasio Viana - Antonio Carlos Mori, Benedito Monteiro, Edison Leonis, Carlos Deviene e Vasco Fernandes Grillo (cunhado de Miguel Cury). 
Visão aérea do campo de futebol do Clube Atlético Ourinhense


Numa partida Ourinhense x Palmeiras - ao Centro o prefeito Domingos Camerlingo Caló

O repórter radialista Oswaldo Lazzarini transmite a solenidade de aniversário do Ourinhense.

A COMPANHIA FERROVIÁRIA SÃO PAULO-PARANÁ E O ESPORTE

O futebol, como não podia deixar de ser, era o esporte preferidos dos ferroviários, o que os fez criar, com a colaboração da administração da empresa, em 27 de março de 1937, o "São Paulo-Paraná Futebol Clube.
 Sua primeira diretoria foi constituída por:

Dr. Wallace H. Morton – Presidente

Dr.James Lister Adamson – Presidente “Honoris Causa”

Dr. Alastair T. Munro – Vice-presidente

Hermínio Socci – Diretor Geral

João Batista Lopes – 1º Secretário

Olímpio Jorge de Morais – 2º Secretário
Teobaldo José da Costa – Tesoureiro
Luiz Zanotto – 2º Tesoureiro
Anselmo Gonzáles, Orivaldo dos Santos e José Malaquias – 1º, 2º e 3º diretores esportivos respectivamente
Ormuz Ferreira Cordeiro – Orador oficial
Artur Herrington Smith, Miguel Ospar, Antonio Dias Ferraz, Antonio Lopes, Jorge Torres Galvão e Osvaldo Correia – Membros do Conselho de Finanças

Carlos Eduardo Devienne, Benedito Monteiro, Dirceu Viana, Asdrúbal Nascimento, Castorino Ferraz Bueno, Manoel Lopes, José Bueno Lopes e José Del Ciel Filho – Membros do Conselho de Sindicância

O time de Futebol da São Paulo-Paraná numa das partidas, no campo do Operário.

4 - OS PRIMEIROS MÉDICOS

É evidente que uma cidade situada numa localização privilegiada, qual seja a de fronteira com o Norte novo do Paraná, onde o café começara a penetrar em finais dos anos 1920, atraísse profissionais da medicina recém-formados.
Muitos dos primeiros médicos de Ourinhos sentiram-se atraídos pela política, sendo que,   na segunda década dos anos 1920, entre os sete primeiros prefeitos, três  eram dessa área: José Felipe do Amaral (1925), José Galvão (1926-1930) e  Hermelino Agnes de Leão (1930).
Em 1931, no bojo da Revolução de 1930, assume também outro médico, muito popular, Theodureto Ferreira Gomes (1931), médico da família de meu avô.
Hermelino foi duas vezes prefeito e José Felipe do Amaral três vezes.
Na edição de sábado, 26 de Novembro de 1938, o jornal "A Voz do Povo" publicava um comunicado dos médicos de Ourinhos sobre os honorários cobrados:
"(...).
Resolvemos a partir de 1º de Dezembro adoptar a seguinte tabella para honorarios medicos:
Consulta medica no consultorio                         Rs. 20$000
Visita a domicilio                                                 Rs. 30$000
Visita fóra da cidade, a partir de                       Rs. 40$000
Conferencias medicas a pedido da
familia                                                                  Rs. 100$000
Ourinhos, 24 de Novembro de 1938."

DrOctacilio de Camargo Penteado
Dr. Hermelino de Leão
Dr. Diogenes G. Ribeiro
Dr. Alfredo de Almeida Bessa
Dr. Ovidio Portugal de Souza
Dr. Sebastião Augusto de Castro
Dr. Flanklin Correia

Em 20-12-1938, era inaugurada a bela clínica do drº Ovídio Portugal de Souza (olhos, ouvidos, nariz e garganta, na atual rua Expedicionário) Foto por Frederico Hahn.
" .... franqueada á visitação publica todas as dependencias da clinica recem-inaugurada, durante a qual os numerosos visitantes tiveram occasião de admirar as sóbrias e elegantes instalações providas do mais moderno aparelhamento scientifco. Atrahia tambem a attenção uma ampla bibliotheca, onde a par de autores nacionaes e das mais recentes publicações apparecidas em nosso Paiz e no extrangeiro se alinhavam em varias estantes trabalhos especializados dos mais renomados mestres da sciencia Hypocrates, franceses, ingleses e italianos." ( A Voz do Povo) 

Entre os primeiros médicos ourinhenses, destaco o dr. Alfredo de Almeida Bessa que foi também médico da Estrada de Ferro Sorocabana  e da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná.  Ele clinicou muitos anos em Ourinhos onde nasceram os seus filhos, mudando-se em meados dos anos 1960 para São Paulo, onde faleceu em 1992.  Foi  um dos lutadores contra a maleita que então prosperava na região. Integrou a comissão técnica da construção da Santa Casa de Misericórdia, tendo sido também vereador, na Primeira Legislatura. Merecia ter seu nome em uma das ruas de Ourinhos. A oportunidade está posta, por ocasião do centenário de Ourinhos.

Foto por Frederico Hahn,  no dia da inauguração da Clínica do drº Ovídio Portugal de Souza, em 1938.
1 -
2 - Sebastião de Castro
3 - Ovídio Portugal de Souza
4 -  Hernani Fonseca
5 - Hermelino A. de Leão
6 - Alfredo A. Bessa
7 - 
Nos finais dos anos 1930, muitos dos médicos ourinhenses  começaram a anunciar o seu serviço no jornal local
Anúncios médicos em "A Voz do Povo"





5 - Os primeiros prefeitos



Deixando de ser um distrito de Salto Grande em 1918,  e se tornando um município, Ourinhos teve no ano seguinte a formação de sua primeira câmara municipal e consequentemente o seu prefeito. A legislação da época determinava que os vereadores escolheriam um de seus membros para ser o prefeito.
Na época, como em todos os estados da federação, dominava a vida política política os partidos republicanos. Em São Paulo, o domínio político estava nas mãos do Partido Republicano Paulista - PRP.
Isso não significava a inexistência de oposição. No bojo do PRP, era frequente a existência de dissensões, quando então uma corrente formava  outro partido, quase sempre de existência efêmera, pois o congraçamento era realizado mais tarde com o retorno dos dissidentes ao PRP.
Em Ourinhos não foi diferente. Os primeiros anos foram marcados por muita violência de fundo político. O jornalista Jefferson Del Rios Vieira Neves, em sua obra "Ourinhos: memórias de uma cidade paulista", descreve com minúcias as ocorrências havidas nos primeiros anos de vida do município.
Assim, a partir dos quatro últimos anos da década de 1920, com a criação, na capital em 1926, de um forte partido oposicionista denominado Partido Democrático, a oposição também se fortaleceu aqui, o que não impediu a extrema violência e fraudes na eleição municipal de 1928.

O Partido Democrática em OURINHOS
 O Partido Opposicionista desta cidade, representado por seus directores, em reunião ha poucos dias realisada, resolveu, por unanimidade, adherir ao Partido Democrático. Reina grande enthusiasmo entre os adherentes. (A Voz do Povo, 26-5-1927)

Cine-Central
 Brevemente grande successo nesta popular casa de diversões. Portentosos films serão exhibidos, por estes dias, que agradarão immensamente. Ao Central, pois! (A Voz do Povo, 26-5-1927)

NO CORETO
Domingo p., á noitinha, no recem-inaugurado coreto haverá pela corporação musical, uma aprazível retreta.  (A Voz do Povo, 15-9-1927)


 resultando na eleição de uma câmara totalmente perrepista:
Vicente Amaral, Odilon Chaves de Camargo, Àlvaro de Queiroz Marques , Horácio Cintra, José Felipe do Amaral e José Galvão, sendo este reeleito prefeito.
Após a Revolução de 1930, a instabilidade política resultou na ocupação da interventoria estadual por várias facções dentre os revolucionários. Isso fez com que o mesmo quadro se repetisse nos municípios. 
De 1919 até 1930, estes foram os prefeitos de Ourinhos:
1919-1921 - Benício do Espirito Santo; 1921-1923 Jacinto Ferreira de Sá, 1923-1925 José Felipe do Amaral; 1925; 1926 - José Esteves Mano Filho; 1926; 1926-1930 - José Galvão
Em 1930, com a vitória do grupo que liderou a Revolução, sucessivos grupos desse movimento ocuparam o governo de São Paulo, até o deflagar da Revolução de 1932.
O mesmo ocorreu nos municípios. Desse modo, foram prefeitos de Ourinhos entre 1930 e 1933: drº Hermelino Agnes de Leão, Ropiano Leonis Pereira, drº Theodureto Ferreira Gomes e José Felipe do Amaral.



6 - A CIDADE NECESSITA TER UMA PRAÇA.


Em 1921, o Município de Ourinhos completava três anos de existência.

O templo católico já estava erguido na "parte de cima" da cidade, tendo esse fato praticamente definido ​a direção que a expansão da área urbana teria nos anos seguintes. 
Uma cidade tem que ter uma praça
​ 
em frente a Igreja do Senhor Bom Jesus havia um descampado, portanto 
ali era ​
o local ideal para criar  a primeira praça da cidade.



 Seis anos depois, em 1927, a nova estação da Sorocabana tinha sua entrada voltada para essa nova direção, a um quarteirão da praça, que recebia nesse ano o seu primeiro coreto. 


A praça foi chamada, inicialmente,  de Largo do Jardim.
A série de fotos que segue nos mostra faces da Praça no alvorecer dos anos 1930:

 Nessa foto vemos no lado direito o Banco Comercial do Estado de São Paulo.
Do outro lado da Rua Paraná vemos o prédio do primeiro Grupo Escolar com alunos em frente.
Já se vêem canteiros nas ruas da Praça.
 



No centro da foto, a primeira fachada do Hotel Comercial, que ainda existe na Rua Antonio Prado.

Portanto,  a partir dos anos iniciais da década de 1930,  a jovem Cidade de Ourinhos já contava com uma Praça, embora  não ainda a ideal.

7 - A EDUCAÇÃO PRIMÁRIA NAS PRIMEIRAS DÉCADAS.

Poucos anos após a criação do Município de Ourinhos, em 1918, uma pequena escola primária foi instalada na Rua Paraná, o Grupo Escolar de Ourinhos, mantido pelo governo estadual. 

O professor Cândido Barbosa Filho e sua turma de alunos escoteiros do Grupo Escolar de Ourinhos

Na segunda metade das década de 1930, o prédio já não comportava  a demanda de uma população em idade escolar  que crescia ano a ano.
A zona rural do município era constituída de várias fazendas distantes da zona urbana, por esse motivo, na década de 1930 foram criadas as primeiras escolas rurais mantidas pela prefeitura municipal. Além dessa medida era necessária a construção de um novo prédio para abrigar o Grupo Escolar de Ourinhos, ampliando dessa forma o atendimento à demanda crescente por vagas na zona urbana.
Em 1937, foi  criado o  Sistema Municipal de Ensino (Lei nº 19, de 30/9/1937). 


 Professores e alunos em foto dos anos 1920




Esse  sistema  seria mantido por dez por cento  das rendas tributárias do município. Ele dava ênfase ao ensino primário, profissional e agrícola, segundo a lei orgânica dos municípios e a Constituição Estadual.
Uma medida bastante avançada era o ingresso de professores por meio de concurso. 
Os professores, para serem nomeados,  deveriam ser diplomados por escola normal oficial ou equiparada. Dar-se-ia preferência a professores que residissem no município.
O ordenado mensal seria de 250$.
A criação de escolas seria da competência da Câmara Municipal.
Finalmente, na segunda gestão  do prefeito Benedito Martins de Camargo,  foi iniciada a construção de um novo prédio para abrigar o grupo escolar. A  área escolhida foi a esquina da Rua 9 de Julho com a Sergipe (atual Expedicionário).

Com a edificação do novo prédio foi possível atender à demanda crescente pelo ensino primário.

O novo grupo escolar recém construído. Foto por Frederico Hahn

Na foto abaixo uma classe de 3º ano. O professor regente era Laudelino de Campos. Foram identificados dois anos: na última fileira à  direita, Carlos Nicolosi é o penúltimo: na primeira fileira sentados, o penúltimo é Herculano Neves.


7 - A EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA NAS PRIMEIRAS DÉCADAS: O EXTERNATO RUI BARBOSA.


A educação secundária chegou a Ourinhos em 1929 por meio da iniciativa privada.
Constantino Molina, espanhol, mudou-se para Ourinhos e se fixou na recente Avenida Altino Arantes, numa prédio  que fez construir. Ela tinha, na parte frontal, uma bela varanda de madeira trabalhada. Somente houve 3 construções com esse tipo de varanda em Ourinhos: essa do professor Molina, a da casa de meu avô, na Rua 9 de Julho, 102, de 1930 e a do prefeito Benedito Martins de Camargo, de 1931, ao lado da de meu avô.
O ensino secundário oferecido era propedêutico, uma espécie de ginásio em dois anos com uma avaliação feita em escola designada pelo governo federal, a cada ano, na capital. Os alunos iam para São Paulo e lá realizavam a avaliação. Havia também um curso ginasial comercial. Minha mãe, Amélia  e sua irmã,  Maria,  fizeram o propedêutico. Meus tios mais velhos, João e José fizeram o ginásio comercial.
Constantino Molina tinha uma vasta cultura. Foi colaborador do jornal "A Voz do Povo" e escreveu um longo relato sobre a Revolução de 1932 em Ourinhos e região, que publicou por conta própria.s









Ex-alunos, Amélia Neves e Jairo Diniz.

A Voz do Povo", 24-5-1931
Externato Ruy Barbosa

"Resultado do segundo exame bimensal de março e abril. Curso Comercial: 1º lugar, João Neves, com 100 pontos; 2º, Abripino Braz, com 91 pontos; 3º Orlando Vendramini, com 87 pontos; 4º José Neves Neto, com 78 pontos...."  


Com a criação do Ginásio de Ourinhos, uma escola particular com subvenção da prefeitura, em 1939, oferecendo o curso secundário regular, o Externato Rui Barbosa foi perdendo a sua clientela. Isso levou o professor Molina a deixar cidade em outubro de 1942. Foi para a capital onde fixou residência. O prédio onde funcionava a escola foi comprado pelo professor Aparecido Lemos, que ali manteve vários cursos, inclusivo o de datilografia.



8 - A EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA NAS PRIMEIRAS DÉCADAS: O PRIMEIRO CURSO  GINASIAL DE OURINHOS

A "Sociedade Expansão Cultural de Ourinhos" foi criada por um grupo de ourinhenses juntamente com a prefeitura municipal, para criar as condições necessárias à instalação  do primeiro ginásio em  Ourinhos, portanto uma iniciativa público-privada.
Sua constituição ocorreu em 1938. Já então publicava-se a chamada para os cursos preparatórios, que funcionariam provisoriamente em prédio da Rua Paraná, nº 305.
O prédio do Ginásio de Ourinhos, edificado pelo construtor Henrique Tocalino,  nos limites norte da cidade, tinha o cafezal nos seus fundos,  logo teria como vizinha a Santa Casa de Misericórdia.

No ano seguinte (26/2/1939) , seria lançada a pedra fundamental do ginásio.





Como estabelecia o item b do Art. 2º dos Estatutos da Sociedade, o prédio foi confiado ao professor José Augusto de Oliveira, já com larga experiência  em organização de ginásios. Sua atuação nesse estabelecimento, que contou logo em seguida com a colaboração do advogado e professor José Batista de Medeiros, durou até finais dos anos 1940.




 O primeiro corpo docente do Ginásio de Ourinhos foi o que se apresenta na propaganda abaixo:

A foto abaixo é a das três primeiras turmas do Ginásio de Ourinhos:

Alunos do Ginásio de Ourinhos - Autoria desconhecida

Num esforço de identificação  cito:
Agachados
1-Hélio Migliari, 2-Joaquim Teixeira, 4-Oswaldo Devienne, 7-Jandir Fernandes, 9-Clodoaldo Ferreira, 10-Farid Abujamra, 11-Sigueo Kanda, 12-Antonio Vieira da Silva
Primeira Fileira
4-Mário Santos Soares, 8-Nelson Cury, 10-Herculano Neves, 
Segunda Fileira
1-Alípio Braz, 10-Selma Abucham, 14-José Luiz Médici
Terceira Fileira
2-Suely Alves da Silva , 7-Alice Teixeira
Estão aí também: Inês Souza Leal , Elza Torres Galvão, as irmãs Anair Ferreira e Nilda Ferreira, Lavinia de Azevedo, Lucia Prado, Lourdes de Freitas Oliveira



Na foto, o profº José Augusto é visto com óculos escuros. Ao seu lado (à direita), o drº João Batista de Medeiros, na época também professor do Ginásio, seguido pelo profº  Pedro Alves dos Anjos, que deixou posteriormente Ourinhos junto com o profº José Augusto. 
Abaixo vemos uma relação dos alunos e suas notas finais em dezembro de 1941 (A Voz do Povo), 3-1-1942.

Quadra do Ginásio de Ourinhos e galpão do recreio. Foto por Frederico Hahn

l.a Série—Turma «A»
Aracy Alves de Freitas, 54; Ada Vieira Guerreiro, 51: Amadeu Matsumura, 68; Antonio José Marques, 58; Benedito Airton Monteiro, 65; Celso Sanchez, 51; Clodoaldo Ferreira, 50; Carlos Lopes, 50; Euridice Marques Ribeiro, 62; Herman Mora, 51, Izaki Muraoka, 56; Jandir Fernandes, 52; Maria de Lourdes Toledo, 52; Nicéa Guimarães, 51; Ney Carlos Esteves, 56; Nelson Pontara, 53; Oswaldo Sanchez, 51; Osvaldo Abib, 50; Rosa Moherer, 64; Sussumo Takafaci, 53 e Zenith Santos, 57 
l.a Série— Turma «B»
Aparecida Benta Vara, 62; Augusta Ostronoff, 54; Alipio Bras, 51; Brasileira de Queiroz, 50; Clarisse Funck, 52; Carlos Devienne Filho, 50; Dirce Soares, 51: Evaristo Teixeira Tucunduva, 51; Eduardo Ioshio Kuya, 52. Eddie Domingos Massuti, 52; Faride Abujamra, 56; Gilda da Costa Melo, 50; Julieta Abujamra, 50; Joaquim Teixeira, 51; Lery Rodrigues Carvalho, 52; Maria Vicentina de Almeida, 73; Maria Conceição Batista, 51; Maria do Patrocínio Bras, 51; Maria Helena Exel, 67; Mario Santos Soares, 50; Mario Sacchelli, 52; Nelson Tupiná, 52; Orlando Bertaco, 51; Valdo Antunes Ribeiro, 71 e Zenith Corrêa, 62
 2.a Série—Turma Unica 
Antonio Vieira da Silva, 50; Aurora Simões, 52; Alice Abujamra, 54; Alzira Matachana, 51; Armelindo Fiorini, 50; Djahna Pinheiro Cabete, 53; Edméa Bras, 53; Emery Sá Trench, 53; Elza Torres Galvão, 73; Flavio Roberti, 50; Haroldo de Freitas, 52; Horacio Marques, 51; Herculano Neves, 50; Ines de Souza Leal, 78; José Luiz Medici, 52: Lavinia de Azevedo, 52; Lourdes de Freitas Oliveira, 51; Maria de Lourdes Mori, 53; Maria Abujamra, 51; Nelson Cury, 50; Nielse Sá Trench. 51; Osvaldo Fernandes Alonso, 61; Rogério Bueno dos Reis, 61; Selma Abuchan, 58; Sigueo Kanda, 78; William Peçanhuk, 63; Yolanda Lopes, 54 e Heni Dias Ribeiro, 7
3.a Série — Turma Unica
Alaide Carvalho, 78; Alice Teixeira, 65; Anézia Teixeira, 58; Anair Ferreira, 53; Emilia Gomes de Freitas, 65; Hení Gião, 83; Hélio Migliari, 56; Julio Assao 73; José Mauro Gomes de Mattos, 66; Jorge Teshima, 50; Lucia Prado, 50; Luiza Teshima, 50; Leovil Martins de Almeida, 53; Maria Aparecida Batista, 84; Maria Terezinha Galvão, 51; Maria Nazaré Brás, 77; Nilda Ferreira, 59; Newton José Santos Soares; 53; Osvaldo Deviene, 51; Pedro Ostronoff, 65; Célia Gonzalez Vicente, 72.-

9 - O GINÁSIO DE OURINHOS: O PRIMEIRO CURSO NORMAL DE OURINHOS

Tendo iniciado suas atividades em 1939, essa instituição de ensino público privada, deve  ter formado uma 4 ou 6 turmas até 1948, quando deixou de existir, com a criação do curso ginasial estadual.
Em 1945, na formatura da turma ginasial foi anunciado o início do curso normal, no ano seguinte.

O professor Norival Vieira da Silva (História) e alunas da primeira turma do Curso Normal



No dia 10 de dezembro de 1949, realizava-se a entrega de diplomas às primeiras normalistas de Ourinhos.  
O curso começara a funcionar em 1946, com um  pré-normal e mais três anos. O diretor do curso era o Professor Jõão Batista de Medeiros, que aparece na foto discursando.
Às 9h30 celebrou-se missa na Igreja Matriz.
Às 21 h teve início a cerimônia de colação de grau, realizada no Cine Ourinhos.
Às 22h30 iniciar-se-ia o Baile de Formatura no salão do Grêmio Recreativo de Ourinhos, na Rua São Paulo.
Eram seis formandas: Anair Ferreira, Anayde Telles, Anésia Teixeira, Araçy A. Freitas, Inês de Souza Leal, Ruth A. Foz e Vera Fiorillo.


 À esquerda estão sentados os professores (as) e à direita, em pé, acham-se  as formandas.

O primeiro, à esquerda é o jovem professor Norival Vieira da Silva.

Professores e professoras da primeira turma do curso normal do Ginásio de Ourinhos. Foram identificados:
João Batista de Medeiros - diretor, Nilda Leonis, Edite Leonis (Trabalhos Manuais), Norival Vieira da Silva, (História da Educação), Jorge Herkrath ( Matemática e Estatística), Mardegan (Sociologia), Ilia Leonis (Psicologia e Pedagogia),  Aracy Steiner (Música) e Edera (Biologia).

9 - O EDUCANDÁRIO SANTO ANTÔNIO (COLÉGIO SANTO ANTÔNIO

O ano de 1946 caminhava para o seu final. O profº Cândido Barbosa Filho, já envolvido na política local, dava os primeiros passos  na caminhada que o levaria à prefeitura municipal no ano seguinte, quando foi eleito numa disputa que teve como candidatos também: José Esteves Mano Filho, Tito Prado e Antônio Luiz Ferreira. "Barbosinha", como era popularmente chamado, tornou-se o primeiro prefeito eleito pelo voto popular, após a queda do Estado Novo.
O jornal "A Voz do Povo" noticiava que Barbosinha fora a São Paulo tratar com a Irmã Superiora da Irmandade da Imaculada Conceição, sobre o  início da construção do Educandário Santo Antônio, em terreno medindo 7,744 m2, doado  por Horácio Soares em área de sua propriedade que estava sendo loteada (parte da Fazenda Múrcia). Essa Irmandade se fizera presente em Ourinhos, no início dos anos 1940, inicialmente  prestando serviços à Santa Casa de Misericórdia.
A benção da pedra fundamental do Colégio Santo Antônio ocorreu  no quarteirão de propriedade das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, na Rua Arlindo Luz, às 10h30. Falaram na ocasião o Dr. Antônio da Rocha Paes e o padre Eduardo Murante, vigário local. 


 As freiras, que vieram para Ourinhos para atuar na área educacional,  criaram os primeiros cursos num barracão existente na Rua São Paulo, enquanto a edificação do prédio se iniciava.
Com cinco anos de idade, eu ingressei (1953), já no prédio recém construído,  no "Jardim de Infância", onde  tive como professora  irmã Virgínia. No ano seguinte, fiz o Pré-Primário, com a  irmã Esmeralda. Foi uma ótima professora e me alfabetizou. 
Após a criação do curso primário seguiu-se o ginasial e depois o curso normal. O Educandário mantinha também  o regime de internato, atendendo a toda a região mais próxima de Ourinhos e do Paraná.

Na área musical,  foi criado o Conservatório Santa Cecília em 1961.

À esquerda, o padre Domingos Trivi, pároco de Ourinhos, o arcebispo de Botucatu, Don Frei Henrique Golland Trindade; à direita, o prefeito de Ourinhos Antônio Luiz Ferreira, o padre Duílio Liburdi, do Seminário Josefino e o padre Felipe Dimants, professor de inglês do IEHS

Os cursos oferecidos pelo Conservatório, de altíssima qualidade, receberam alunos de Ourinhos e região, alguns deles tendo se destacado nessa área, como maestro Gil Jardim, que nele fez os seus estudos iniciais de música. 





Irmã Celestina Maria
Irmã Lúcia Maria






A capela do Colégio Santo Antônio

Nos desfiles de 7 de Setembro, o Colégio era um dos preferidos da população que os assistia nas ruas de Ourinhos, pela beleza das jovens, do uniforme refinado, e da excelente fanfarra. 
O Educandário deixou de funcionar em finais dos anos 1990.


10 - A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO - A "ESCOLA DO JORGINHO"



Na visão dos fundadores do "Ginásio de Ourinhos", drºs José Augusto de Oliveira e João Batista de Medeiros,  em finais dos anos 1930, ao curso ginasial recém criado deveria  seguir-se o curso normal para a formação de professores (normal) e o curso  comercial técnico.
De fato, em finais dos anos 1940, formou-se a primeira turma de normalistas. Já a criação do curso comercial técnico ocorreu em 1948, num  momento em que a Instituição Educacional de Ourinhos, vinha passando por uma série de problemas com a criação do Ginásio Estadual de Ourinhos, razão pela qual, a sociedade mantenedora foi extinta, passando os cursos ginasial e normal para o governo do estado. 
Restava o curso comercial, que foi salvo pelo interesse do professor Jorge Herkrath, natural da Alsácia, (naturalizou-se em 1950)  em assumir o seu controle. De fato, ele venceu a concorrência aberta pela prefeitura e assumiu a escola.

Em artigo publicado no jornal "Correio de Notícias, de 25-12-1957", José Carlos Marão, então colaborador do jornal, escreveu um artigo historiando a criação da ETC. o artigo completo pode ser lido no Blog "Memórias Ourinhenses" na página " RELEMBRANDO... A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO DE OURINHOS , A "ESCOLA DO JORGINHO"

O professor Jorge morava,  na ocasião,  numa grande casa na Rua 9 de Julho, nº 76,  vizinha da casa de número 102, residência de meu avô. A casa em que o professor Jorge morava fora do prefeito Benedito Camargo, falecido em 1939.
Na parte da frente dessa casa, o professor Jorge fez erguer uma construção com dois pavimentos para acolher o curso comercial. Nascia ali a Escola Técnica de Comércio de Ourinhos .  Havia um curso básico de comércio e o curso Técnico de Contabilidade



As instalações foram ampliadas nos anos 1960, com a construção de outra ala com um andar superior, nos fundos do casa. 

A Escola Técnica de Comércio foi vendida em 2-12-1972 para uma sociedade composta pelo drº Eitor Martins, Aramis do Prado, Saleme Calixto e Hermilo Coelho Tupiná. Em 1993, a escola foi vendida, lá tendo sido instalado o Colégio Anglo.
Essa memorável  instituição de ensino foi a responsável, ao longo de mais de 40 anos, pela formação de centenas de profissionais de gabarito de Ourinhos e região.  


(As fotos anexas devem entrar aqui) elas estão sendo enviadas anexas devido ao seu tamanho. Imprimir no maior tamanho possível)

11 - AS SALAS DE CINEMA EM OURINHOS

Já na primeira metade dos anos 1920, a diversão propiciada pela recente arte cinematográfica se fez presente na pequena cidade de Ourinhos.
A sala que ficou na história foi a do Cine Cassino, localizada na Rua São Paulo. Ainda toda de madeira, a sala era muito frequentada:
Em 12-6-1927, o jornal "A Cidade  de Ourinhos noticiava a programação:

  • Sinos de São João, com Buck Jones.
  • Regenerado a Muque , com Tom Mix.

Abaixo, o prédio do Cine Cassino, em sua primeira fase:




Em 1932, após grandes reformas, o Cine Cassino,  agora de propriedade de Álvaro Rolim, reabria  com "potentes aparelhos para filmes sonoros".



Já em finais dos anos 1930, a imprensa dava conta de frequentes reclamações quanto à qualidade das projeções e o mau estado do prédio do Cine Cassino, bem como da necessidade de a cidade ter um novo cinema.
Emílio Pedutti (1904-1963), nascido em Botucatu,   formou-se contador na conceituada Escola de Comércio Álvares Penteado. O jovem seguiu a carreira bancária, tendo chegado a gerente do Banco Francês e Italiano para a América do Sul. Do banco, passou à atividade empresarial no ramo de diversões, constituindo a Empresa Teatral Pedutti, responsável pela abertura de salas de cinema em inúmeras cidades do interior paulista.


Em Ourinhos, a empresa adquiriu o Cine Cassino, cuja gerência foi entregue ao jovem  Romeu Silva, também de Botucatu, recém casado.

Ele e sua esposa Glorinha integraram-se à cidade, aqui passaram a viver e morreram;  fizeram história à frente do Cine Ourinhos.

O almejo da população por uma nova sala de espetáculos  concretizou-se com a inauguração do Cine Ourinhos em 2 de setembro de 1944.




O filme de estréia chamava-se "Fugitivos do Inferno", uma das várias produções de guerra que Hollywood fez nos anos da Segunda Guerra Mundial. O diretor era Raoul Walsh. Chegou a ser nominado para o Oscar de efeitos visuais em 1943. Era estrelado por Errol Flynn, então no auge de sua carreira. Tinha também no elenco o iniciante Ronald Reagan que começava a despontar em sua carreira.

A Voz do Povo, 18-8-1945



Em 1949, o Cine Ourinhos já oferecia, aos sábados e domingos,  duas sessões noturnas às 19h30 e 21h30 e uma vesperal (domingo) às 14h15:



O TIRO DE GUERRA


Desde a instituição do Tiro de Guerra, após a campanha desencadeada na segunda década do século passado por Olavo Bilac, os reservista fazem o juramento à Bandeira Nacional. 
A linha de tiro,  em Ourinhos,  passou a existir a partir de 1938. No ano seguinte, a primeira turma, por sinal muito grande, fez o o compromisso à bandeira.

Era costume a escolha de uma madrinha e, às vezes, de damas de honra. Foi assim com a primeira turma que aparece nesta bela foto, com certeza de autoria do fotógrafo profissional alemão Frederico Hahn.
Foram elas: 
Madrinha, a professora Helena Orsi Portugal de Souza (esposa do drº Ovídio)
Damas: Cibela Sá e Lilica Cunha
Instrutor: 2º sargento Josias da Silva
Entre os participantes dessa turma estão Jairo Teixeira Diniz, que foi o primeiro colocado,   Oriente Mori, Alvaro Cretuchi, David Gomes de Souza (parente do Brigadeiro Eduardo Gomes), Alcides Macedo Carvalho, Humberto Rosa, Paulo Matachana, Helio Cerqueira Leite, Assad e Aniz Abujamra, Dirceu Correia Custodio, Mizael Olympio de Almeida, Julio Zaki Abucham, Aparecido Nascimento e José Cardoso.
Essa turma foi criada no dia 3 de outubro de 1938.
Na foto acima, feita em frente à Igreja Matriz, é visto também o pároco à época,  cônego Miguel dos Reis Mello
  





Baiano de Salvador, Pedro Coppieters nasceu em 12 de setembro de 1912, Viveu na sua terra natal até completar 19 anos, quando então ingressou no Exército Brasileiro. Isso se deu na cidade de Itajubá, MG, em 1935, no 19º Batalhão de Caçadores.
Na qualidade de Sargento de Infantaria, foi elogiado em 1935 pelo Presidente da República e pelo Ministro da Guerra, por suas qualidades morais e comportamento.

Pedro Coppieters chegou em Ourinhos em 1939, ano em que se formou a primeira turma do Tiro de Guerra, do qual se tornou Instrutor no ano seguinte, função  que também exerceu cumulativamente na cidade de Assis, em 1944.





Turma  1940


Turma de 1948

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