1944 - O ENCERRAMENTO DA COMPANHIA FERROVIÁRIA SÃO PAULO-PARANÁ
Por cerca de quase vinte anos, Ourinhos sediou a administração da última ferrovia de capital inglês existente no Brasil, a Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná que foi uma das responsáveis pela colonização do Norte do Paraná. Embora houvesse um escritório em São Paulo, a administração sediava-se em Ourinhos na pessoa do Superintendente da ferrovia, primeiramente o Engenheiro T. D. Hamilton e, posteriormente, , até a sua encampação do engenheiro Wallace Morton.
A história da constituição e expansão dessa ferrovia, com fotos, pode ser conhecida por uma das obras a respeito, da qual sou co-autor, disponível online no endereço eletrônico:
A incorporação da São Paulo-Paraná à Rede de Viação Paraná-Santa Catarina deu-se por meio do Decreto-lei 6412, de 10-4-1944.
No dia 15 de junho de 1944, os empregados que faziam parte da Contadoria da São Paulo-Paraná, juntamente como contador o srº Benedito Monteiro ( no centro da foto) posaram para uma foto de despedida, feita pelo fotógrafo Frederico Hahn.
Grande parte dos que estão nessa foto, à exceção do contador (sentado, no centro da foto) , que permaneceu como chefe do escritório em Ourinhos, foi transferida para Curitiba, onde se localizaria a sede da nova ferrovia. Alguns se demitiram da empresa. No dia 1º de julho de 1944, o jornal A Voz do Povo publicava na primeira página, uma despedida dos empregados do escritório que iriam para Curitiba:
O chefe de tráfego, Hermínio Soci, desligou-se da empresa, publicando no jornal a sua despedida do povo de Ourinhos:
Muitos dos signatários, entre os quais meu pai, recém casado, conseguiram retornar para Ourinhos, permanecendo na Rede até a sua aposentadoria.
Empregados de outros setores da ferrovia extinta também foram transferidos para Curitiba.
Comentários
osé Carlos, a Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná remete à figura
do meu pai José Cerqueira. Açougueiro de profissão aportou em Ourinhos
em 1937, oriundo de Ipauçu onde já comercializava carne bovina. Em
Ourinhos, instalou-se na avenida Jacinto Ferreira de Sã n[ 357 (?).
Não sei se por sua iniciativa ou da direção da Companhia Ferroviária
deu início a uma inusitada relação comercial que se aproximava do
crédito consignado. A operação consistia no fornecimento mensal de
carne e derivados aos funcionários da ferrovia. Contava ele que chegou
a distribuir 500 cadernetas às famílias dos ferroviários - as compras
diárias ou semanais eram ali anotadas. Ao final de cada mês as
cadernetas eram recolhidas e encaminhadas ao escritório da Companhia.
Outras cadernetas eram distribuídas para anotações do mês entrante. As
despesas eram verificadas e somadas e seus valores descontados dos
salários dos ferroviários. O montante auferido depositado na conta
bancário do fornecedor ou emitido um cheque correspondente. Foi um
período de prosperidade. Por certo não o vivi, visto que nasci em
1945, mas acompanhei a frequência de alguns ferroviários que
mantiveram a mesma relação comercial com meu pai - compras através de
anotações em cadernetas. Quando chegava o trem pagador as despesas
eram regiamente quitadas. Uma época de bonança e seriedade nas
relações interpessoais - a honestidade e boas intenções predominavam.