O "CORREIO DE NOTÍCIAS" (1952-1957)
Essa foi a penúltima edição do semanário "O Correio de Notícias" (15-12-1957), que circulou durante cinco anos após o fechamento de "A Voz do Povo".
Nessa ocasião, tinha como diretor responsável o professor Norival Vieira da Silva. O conselho administrativo do jornal , era integrado por Américo Vieira Botelho, Basílio Vinci e Dalton Morato Villas Boas, com redação instalada na Rua Euclides da Cunha nº 64.
Quando do seu lançamento, 1952, o semanário tinha como membros do conselho administrativo: Reinaldo Alves de Souza, Armando D'Andréa e Antonio Luiz da Costa. Cândido Barbosa Filho era o diretor responsável, o professor Norival Vieira da Silva um dos redatores. Também integrou a direção, em 1956, José Galian Blasco.
Pelos nomes envolvidos via-se que o jornal tinha orientação udenista, a mesma que seria mantida pelo seu sucessor "Diário da Sorocabana" .
O jornal era de propriedade da Sociedade Gráfica e Editora Ourinhos Ltda.
Na primeira página dessa edição, na coluna SOCIOLOGIA E POLÍTICA" sob o título "O ÚLTIMO , EM SEU VELHO UNIFORME", o diretor responsável fala sobre a origem do jornal, seu objetivo e anuncia o nascimento daquele que seria o seu sucessor, agora um jornal diário - o "Diário da Sorocabana".
"Correio de Noticias" há cinco anos era fundado em Ourinhos. Dizia-se um jornal para servir aos interesses da cidade e da região.
Cumpriu sua promessa. Dele podemos dizer que combateu o bom combate. Por cinco anos, todas as semanas percorria os lares de Ourinhos e de outras cidades, para levar as aspirações de todos.
"Correio de Noticias" sempre teve sua conduta firme, seus princípios, sua plataforma que foi seguida em todos os dias, Muitas vezes não agradou a todos. Natural, pois conduta, princípios e plataforma não são iguais para todos, decorrem do livre arbítrio de cada um.
Mas uma cousa é certa: todos lamentarão o desaparecimento do seu nome "Correio de Noticias", que já se tornou leitura obrigatória. Já se habituara com suas páginas, modestas, mas que sempre procuraram servir.
Aqueles que por longos cinco anos de lutas e dificuldades vencidas trabalharam na redação, nas oficinas, na administração, nas colaborações, nas publicidades. também sentem o desaparecimento do nome.
Mas, uma coisa é clara, não desaparece o Correio, ele se transforma para melhor, atender ao pedido, à aspiração da Média Sorocabana, para que tenha um órgão na defesa de seus interesses.
Será ampliado, sua circulação muito mais ampliada, não mais todos os domingos, mas todos os dias estará pelas ruas para o bom combate.
" Correio de Noticias" não desaparece, muda seu nome pois deverá atender a toda a região da Sorocabana e não mais somente Ourinhos e cidades vizinhas.
Ourinhos terá o privilégio de ser a sede do diário da região, situada no centro da Media Sorocabana, para Ourinhos convergirão todas as noticias e aspirações que o Diário da Sorocabana se encarregará de levá-las por todo o Estado.
Sentimos também, como todos, o desaparecimento do Semanário " Correio de Noticias".
Mas é um sentimento sufocado por uma alegria maior, alegria de ver aquele jornal, por que lutamos tanto, crescer, ampliar-se e transformar-se em "Diário da Sorocabana".
"Correio de Notícias" continuará nas páginas do Diário, onde leremos o Picareta, o Farpador, o Blivio, o H. O. S., e tantos outros colaboradores.
"Correio de Noticias" teve sempre um lugar no coração do povo de Ourinhos, Cede esse lugar para o "Diário da Sorocabana", pelo o que vamos dar todos, nossa atenção nosso esforço, nosso apoio, maior ainda do que recebeu o semanário "Correio de Notícias"
Era destaque nessa edição de 15-12, em primeira página, a formatura dos alunos das duas escolas normais da cidade; a do Colégio Estadual e Escola Normal Horácio Soares e a da Escola Normal Livre "Imaculada Conceição". Também dava-se destaque à formatura em medicina de dois ourinhenses: Nilo de Freitas e Suel Abujamra.
Duas grandes produções norte-americanas estreariam na semana: "O Ladrão de Casaca", de Alfred Hitchcok e " O Pecado Mora ao Lado", de Billy Wilder.
A coluna odontológica apontava a existência de 15 dentistas na cidade.
O semanário abria espaço para quatro profissões religiosas: a católica, a presbiteriana independente, a metodista e a espírita.
A famosa lanchonete "MAPEÚVA" comentava em seu espaço sobre as virtudes do cloro.
Noticiava-se a eleição da mesa diretora da Câmara Municipal: presidente - José Del Ciel Filho; vice - Alberto Santos Soares; secretário - Paulino dos Santos; 2º secretário - Esperidião Cury.
O "Correio de Notícias" foi o primeiro contato do jornalista José Carlos Marão com a imprensa. Levou-o para lá o professor Norival.
Solicitei ao Marão que fizesse um depoimento sobre esse período:
"Acho que o Correio de Notícias tinha pelo menos um
ponto em comum com algumas publicações de hoje: não havia redação. As pessoas
escreviam em casa. O Norival me mandava buscar uma noticinhas e assim aprendi
muito com ele. Eu usava uma máquina do escritório comercial.
Se não fosse ter encontrado aqui nos velhos
papéis minha carteirinha de repórter do Correio de Notícias (guardei todas), eu
não ia me lembrar direito nem acreditar. Como que você dá esse tipo de serviço
para um rapazinho de 16 anos? Era essa a idade que eu tinha em 1957. Até fiz
uma matéria grande, contando a história da escola de comércio, do professor
Jorginho.
Esqueci o nome do velho gráfico que compunha
as matérias, letra por letra. Os tipos ficavam em uma grande prancha, dividida
em quadrados, cada quadrado cheio com as mesmas letras. O velho gráfico
conhecia a posição onde estava cada “a”, cada “x”, cada “m”. Usava um aparelho
que ficava apoiado no antebraço e ia compondo. Logo depois, Salvador Fernandes
traria para Ourinhos sua primeira linotipo, que dispensava esse trabalhão.
Em 57/58, o Correio virou o Diário da
Sorocabana. Mas o Norival se encarregou de sugerir ao Salvador Fernandes uma
equipe de estudantes. Hoje seriam chamados de estagiários. Eram o José Luiz
Devienne, o Carlos Artur Zanoni e eu. Mas só eu fiquei. Se eu tinha feito um
curso com o Norival, fiz uma “pós” com o Salvador Fernandes. Fiquei amigo do
Salvador. Veio outro jornalista da grande imprensa, Redento Natali Jr, casado
com uma das Abramo, que nos ensinou as malandragens da profissão.
Hoje, aqui, depois de ter andado muito por
essa grande imprensa, semi-aposentado, a cada vez que me reúno com aquelas
feras do Observatório da Imprensa, onde fazemos um tipo de trabalho praticamente
voluntário, nunca deixo de me lembrar das minhas origens, do Norival, do
Correio de Notícias, do Salvador e do Diário da Sorocabana."
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