OURINHOS E O RECENSEAMENTO DE 1940.
Em 1940, o Brasil realizava o seu 5º recenseamento.
Pela primeira vez utilizava-se a propaganda de modo a reduzir ou eliminar a desconfiança da população para com esse instrumento - o receio de sua utilização para fins de recrutamento ou cobrança de impostos, afinal o mundo vivia uma guerra mundial.
Para tanto, lançou-se mão de uma campanha de publicidade de âmbito nacional.
O medo e a desconfiança da população se fizeram presentes na letra do sambista Assis Valente:
Recenseamento
"Em 1940 lá no morro começaram o recenseamento
E o agente recenseador
esmiuçou a minha vida
que foi um horror
E quando viu a minha mão sem aliança
encarou para a criança
que no chão dormia
E perguntou se meu moreno era decente
se era do batente ou se era da folia
Obediente como a tudo que é da lei
fiquei logo sossegada e falei então:
O meu moreno é brasileiro, é fuzileiro,
é o que sai com a bandeira do seu batalhão!
A nossa casa não tem nada de grandeza
nós vivemos na fartura sem dever tostão
Tem um pandeiro, um cavaquinho, um tamborim
um reco-reco, uma cuíca e um violão
Fiquei pensando e comecei a descrever
tudo, tudo de valor
que meu Brasil me deu
Um céu azul, um Pão de Açúcar sem farelo
um pano verde e amarelo
Tudo isso é meu!
Tem feriado que pra mim vale fortuna
a Retirada da Laguna vale um cabedal!
Tem Pernambuco, tem São Paulo, tem Bahia
um conjunto de harmonia que não tem rival
Tem Pernambuco, tem São Paulo, tem Bahia
um conjunto de harmonia que não tem rival"
Intérprete: Carmen Miranda
Gravado em 27 de setembro de 1940 Disco Odeon 11923-B Matriz 6.468]
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O Chefe do Estado Novo, Getúlio Vargas, assinalava em discurso:
(...) O Governo, ao proceder ao recenseamento, não teve em mira objetivos outros que não os puramente estatísticos. Para criar taxas ou impostos, jamais governo algum necessitou fazer recenseamento. (...) Mas, só a falta de familiaridade com a índole e os fins de um recenseamento é que poderia induzir alguém a supor que as operações de inquérito dessa ordem compreendessem objetivos fiscais, policiais, políticos ou quaisquer outros, alheios ao campo da estatística. (...)
in VARGAS, G., A nova política do Brasil, p. 3
Desse modo foi criada uma Divisão de Publicidade e Propaganda do Censo.
No Estado de São Paulo, a Direção do Recenseamento foi entregue a Sud Menucci (1892-1948), natural de Piracicaba, educador, geógrafo, sociólogo, jornalista e escritor.
A foto, de autoria de Francisco de Almeida Lopes nos mostra aspecto da solenidade por conta do início do Recenseamento em Ourinhos, em frente da Câmara Municipal e Prefeitura na Avenida Altino Arantes, esquina com Cardoso Ribeiro
O cartaz afixado contém os dizeres:
"Brasileiros, com o Censo preparei o futuro de vossos filhos."
Em primeiro plano, de costas, alunas do Ginásio de Ourinhos.
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