O FOOTING

A palavra é inglesa, tendo vários sentidos. Um deles, ir a pé. Entre os anos 1920 e 1960, quando as praças das cidades eram freqüentadas por adolescentes, nelas se dava o footing – o ato de dar voltas na praça . Era a ocasião em que muitos namoros se iniciavam. De início, com troca de olhares, depois com o oferecimento de uma música transmitida pelos alto-falantes dos coretos, de um bilhete entregue por uma criança e assim por diante. Enfim, era o flerte:
O escritor e professor Deonísio Silva tem uma seção na revista Caras denominada etimologia, na qual, ao falar sobre o termo “footing”, cita um trecho do livro de Moacir Japiassu "Carta a Uma Paixão Definitiva" (Editora Nova Alexandria) que bem ilustra esse antigo costume:
"Havia footing nas pracinhas, as meninas passeavam de braços dados e os meninos olhavam. Risadas, pequenas sem-vergonhices. Passavam-se semanas até que o rapaz dirigisse o primeiro olá à sua eleita. Haroldo demorou oito meses para abordar Julita Cruz. Na noite tão angustiadamente escolhida e esperada, a desejada moderou o passo e o apaixonado disse-lhe, gaguejante: 'Tás passeando?'(...)Talvez em cinco, dez anos, estivessem casados ."
Nos anos 1930 e 1940, o jornal “A Voz do Povo” tinha uma pequena coluna chamada “PERFIL”, na qual rapazes e moças sem se identificar davam pistas do objeto de seus olhares furtivos. Na edição de 20-1-1940, meu pai foi um desses jovens, e o objeto desse perfil, minha mãe.
Comentários
Por onde será que anda o romantismo, hem?
Bela. Muito bela reportagem José, Carlos. Um abraço!
Itamar Rabelo.