CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA - OS JAPONESES DE OURINHOS. - I

Ourinhos foi uma cidade abençoada, pois recebeu uma larga contribuição das diversas nacionalidades que vieram para o Brasil. Hoje, inicio minhas memórias daquela com a qual tive uma convivência mais próxima - a japonesa, e dessa forma homenageando a colonia por ocasião do centenário da imigração.
Essa convivência iniciou-se no final dos anos 1950, quando eu terminava o curso primário no Grupo Escolar Jacinto Ferreira de Sá, por força da amizade que me ligou a Luiz Gozaga Tone, filho do comerciante, industrial e sitiante Torataro Tone .
Em 1958, fizemos juntos o preparatório para admissão ao ginásio, iniciando-se então uma amizade que persiste até hoje, embora nos separem alguns bons quilômetros. Ele em Ribeirão Preto, onde é professor na Faculdade de Medicina e eu na cidade de São Paulo. Há muitos anos não nos vemos, porém, a internet tem-nos mantido próximos.
Ingressamos juntos no IEHS, em 1959, e lá concluímos o curso ginasial em 1962.
Graças a essa amizade passei a conviver com a cultura japonesa por freqüentar muito o sobrado em que moravam os Tone na rua Paulo Sá. A essa altura viviam lá: o casal Tone (Torataro e Clara, sua segunda esposa), os pais de dona Clara e Luiz Gonzaga. Os filhos mais velhos, frutos do primeiro casamento, Toshio, arquiteto, Paulo, dentista e Rui, engenheiro já não estavam mais em Ourinhos. A única filha, Nair, já estava casada e residindo em Londrina.
Os avós de Luiz eram muito simpáticos, a "batiam" (avó) tinha sempre um belo sorriso estampado no rosto; o "ditiam" (avô), já um pouco surdo, era um artesão de primeira e construia belas miniaturas de templos budistas, utilizando o bambu.
Nessa época, Toshio vinha com freqüência a Ourinhos, trazendo sempre uma novidade musical em long play, que ouvíamos com prazer. Foi assim o meu primeiro contato com o jazz, que passei a apreciar muito.
Na casa ao lado, morava Tufy Zaki e a família. Os filhos mais novos, os gêmeos Regina e Ricardo eram poucos anos mais novos do que nós e, desse modo, foram nossos companheiros de folguedos muitas vezes.
Houve uma uma ocasião em que, apaixonados por fantoches (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fantoche) fizemos uma apresentação teatral utilizando esse gênero.
O sobrado tinha um amplo quintal no fundo que fazia divisa com a casa de João Lopes Martins, sogro de meu tio Antoninho e pai do Cláudio, que tinha a nossa idade. No fundo desse quintal ficava o estudio onde o "ditiam" trabalhava na confecção dos seus templos.
Antes mesmo de iniciar uma amizade com o Luiz Tone, seu pai me era familiar porque a casa comercial de sua propriedade havia pertencido a Benedito Martins de Camargo, ex-prefeito de Ourinhos, vizinho e amigo de meu avô. O sr. Tone era o caixa dessa casa comercial na época do "Camargão" como era chamado carinhosamente por meus avós e tios. Lá foi o primeiro emprego de meu tio Juca. Após a morte do ex-prefeito, em 1939, sua viúva, Alzira Portela Camargo e os filhos foram para São Paulo, e o senhor Tone acabou adquirindo o armazém.
A foto nos mostra a inauguração da "maromba a vacuo " para a fabricação de tijolos, na Cerâmica São Joaquim, de propriedade de Torataro Tone, na Vila Odilom. O senhor Tone é o que está segurando o tijolo, ao centro. Logo atrás são vistos, Jorge Mansur (do "Bazar do Jorge", da rua Paraná) e José Fernandes de Souza, gerente da Sanbra.

Comentários

Unknown disse…
J. Carlos, muito interessante seu artigo e foto. Gostaria de ver alguma foto sobre as miniaturas e saber mais coisas a respeito dos primeiros japoneses em Ourinhos.
Parabéns
Cristina Souza
Unknown disse…
Gostei muito de saber sobre este primeiro emprego do meu pai. Não sabia disto. Parabéns primo, este seu blogue está muito bom.
Querido Que artigo bonito!Gostei muito.Abraços Marisa

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