O PREFEITO CAMARGO E TORATARO TONE





Tomo a liberdade de transcrever aqui este belo relato de Cláudia Toni, minha amiga via web, filha do regente e compositor Olivier Toni e Maria Helena Camargo Toni, filha caçula do prefeito Benedito Martins de Camargo .

O relato foi encaminhado para a Secretária da Cultura de Ourinhos, Neusa Fleury:


"Pois bem, acho que os japoneses chegaram aí com a missão primordial de cuidar das lavouras de café, mas pouco a pouco foram se diversificando.
História de família: quando meu avô se candidatou, achou que não poderia cuidar direito do armazém de secos e molhados sem prejudicar a cidade e então contratou um comprador assíduo - Torataro Tone - para trabalhar com ele. Tone fazia as compras para o patrão fazendeiro e assim conheceu meu avô. Meu avô gostava dele.
Pois bem, pouco depois ofereceu sociedade ao empregado que logo tratou de encomendar uma esposa no Japão, a D. Mituo. Ela chegou ao Brasil sem saber uma só palavra de português. Minha avó foi quem ensinou a ela a língua falada e escrita, a cozinhar e a costurar. Eles foram tendo filhos - meus avós e os Tone- e os nomes se repetiam: nasceu meu tio José Luiz e logo em seguida o José Luiz Tone; o Ruy, o Paulo... tudo em dose dupla.
Meu avô morreu aos 38 anos e minha avó decidiu voltar para SP depois de um ano de viuvez, quando permaneceu calada. Sim, ela não disse uma só palavra durante um ano após a morte de Benedito. Tinha então 7 filhos e também 38 anos.Sua família inteira estava na Capital e a solidão era grande, além da dificuldade de criar 7 crianças.
A fortuna do casal eram duas casas em Ourinhos e metade do armazém, que ficou aos cuidados de um dos irmãos de meu avô. O jeito para os negócios falhou e então Torataro comprou a parte de minha avó e ali foi a semente da rede de mercados. Durante anos, ele mandava presentes para ela:porcos, perus, galinhas, caixas de frutas.
Minha avó ficou paupérrima. Vivia do aluguel da casa de Ourinhos (a outra havia sido vendida para comprar uma na capital onde a família foi viver) e de dar pensão a estudantes que vinham para SP estudar nos colégios grã-finos.
Mais tarde os José Luizes, os Ruys e os Paulos se reencontraram e conviveram bastante.
Boa história, não é?
Recentemente mandamos restaurar a coleção com dezenas de cartas enviadas pelo Benedito a Alzira. São lindas, românticas, verdadeiras jóias de delicadeza e amor.
Mais uma vez obrigada e um beijo da

Claudia"







Comentários

Anônimo disse…
José Carlos,
Eu não esta história.
Achei muito bonita,é um verdadeiro romance.
Se me autorizar,gostaria de publica-la no meu Blog.
Grande abraço,

Wilson Monteiro

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