OURINHOS A CAMINHO DO CENTENÁRIO: O VIADUTO DA SOROCABANA

Após a conclusão da nova estação ferroviária da Sorocabana em 1927, a população ourinhense clamava pela construção de um viaduto que ligasse as duas partes da cidade cortada pelos trilhos da estrada de ferro. 
Assim, providenciou-se a elaboração de uma petição dirigida ao Diretor da Estrada de Ferro Sorocabana na ocasião, drº Gaspar Ricardo Júnior. Assinavam-na o prefeito de Ourinhos, drº Theodureto Ferreira Gomes, o vigário local, padre Victor Moreno demais  autoridades, comerciantes gerentes de banco e outros.
O jornal "A Voz do Povo", de 6-12 de 1931 noticiava o ocorrido:


A pretensão foi atendida e Ourinhos passou a contar com um viaduto de madeira que ligava a parte mais antiga à mais nova da cidade. 
Não sei precisar o ano em que o viaduto foi derrubado. Acredito que tenha sido na primeira metade dos anos 1950, pois eu me recordo dele.
Nestas duas fotos temos uma visão do velho e romântico viaduto. A primeira é uma foto tomada na  plataforma da  estação ferroviária, em 1941. Três amigos caminham pela plataforma na altura do local de acesso aos trens que demandavam o Paraná, via Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná (à direita). Vê-se à esquerda uma composição na estação e, ao fundo uma parte do Hotel Patton, a escadaria de acesso e o viaduto. 
(autoria desconhecida)

Na segunda foto vemos o viaduto em grande plano. Percebe-se que a tomada foi realizada a partir do teto de um vagão.

(Acredito que essa foto seja de autoria de meu pai)

Na terceira foto, vemos as ruínas do Hotel Patton, cuja frente era para via férrea, uma vez que a primeira estação era do lado oposto a atual. Seu proprietário foi José Patton, natural de Trento, na Itália. Ele, casado com Maria Patton, faleceu em 1927. O casal teve os filhos Germano, Rosa (casada com Clemente Figueiredo) e Romana. (In "A Cidade de Ourinhos", de 1927, citado em "Ourinhos: memórias de uma cidade".


" Castelos tombados"

Altos castelos tombados
De sonhos desiludidos
Arquitecturas tamanhas
Tecidas por mãos estranhas
Juncam o chão.
Nasce outro dia
Sobre as ruínas de há pouco.
E no tempo
Essas ruínas tão grandes
De sonhos tão desmedidos
Fazem apenas figura
Dum grão de areia sem peso
Leve ao acaso do vento..."


Adolfo Casais Monteiro nasceu no Porto, em 1908 e faleceu em S. Paulo, em 1972.
"A Voz do Povo" em Tertuliana docs

Comentários

noel disse…
José Carlos, boa noite ! Outra prazerosa lembrança que você me proporciona. O viaduto é uma das riquezas da minha infância. Brinquei e "briguei" nos baixos daquela passarela de madeira.Perdoe-me, mas ela desembocava na rua Goiás - hoje, Narcizo Migliari - e não na rua Alagoas, como você mencionou. Pelo menos é com esse nome que encontrei aquela via pública quando me conheci como gente(rsrsrs ). Peço, respeitosa, vênia pela correção - meu intuito, como sempre, é apenas colaborar! Certa madrugada fomos acordados com um "estrondo" - um equipamento destinado a uma das usinas elétricas que eram construídas no rio Paranapanema, transportado por uma composição da ferrovia sem o devido cuidado, lamentavelmente, destruía a única ligação segura entre os dois polos da cidade. Apenas para registrar, a parte abaixo da linha - então uma área de comércio e indústria pujante - sofreu significamente com a perda da sua freguesia com maior poder e que residiam na parte alta da cidade. Sua atividade econômica foi perdendo significado e acabou degrada - evidente que as famílias Ferrari, Migliari e Abujamra, como os maiores proprietários de imóveis da região, contribuíram para sua deterioração. Como isso, acabou subutilizada, com grandes espaços vazios e desprezada pela população ourinhense, apesar de estar a poucas quadras do centro da cidade.É uma pena !

A demanda à Sorocabana mencionava a Rua Alagoas, mas creio que vc tem razão, saída desembocava mesmo na Goiás, ao lado quase os Migliari. Obrigado por compartilhar conosco as suas lembranças.
José Carlos
ELIAS MORA disse…
Prezado José Carlos
Eu lembro dessa passarela de madeira sobre os trilhos da EFS.
A versão que conheço sobre a destruição da passarela, contada por um tio meu que trabalhava na Sorocabana, foi que a lança de um guindaste de um trem de socorro da EFS atingiu a passarela que veio abaixo. Outro tio meu que trabalhava nas oficinas da RVPSC contava a mesma história.

Quanto à localização dela a fotografia comprova que ficava entre a estação e o armazém,onde aparece uma pessoa subindo em uma escada exatamente entre a cobertura da plataforma e a cobertura do armazem; se olharmos no Google Maps veremos que comprova o comentário acima de que desembocava na Goiás (Migliari).

Essa passarela durou pouco pois nas fotos da estação por volta de 1940 ela não aparece. Ourinhos sempre foi um problema com as composições paradas na passagem de nível da Antonio Prado que transtornava a vida das pessoas e carros.
Desculpe o comentário atrasado mas fazia tempo que não visitava o teu blog.
Obrigado pelas informações muito úteis. Você devia ter colocado o seu nome ao final.
Abraço.

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