SILVANO CHIARADIA, O BANCO FRANCÊS E ITALIANO PARA A AMÉRICA SUL E A TIPOGRAFIA CIDADE DE OURINHOS

As fotos podem ser visualizadas num tamanho maior clicando-se sobre elas.






Silvano Chiaradia foi o primeiro dessa família de Botucatu  a se estabelecer em Ourinhos, o outro foi seu irmão Orlando, guarda-livros (contador), que  se mudou com a família (a esposa Thereza e os filhos  Mariinha (Ferrari), Clóvis e Ana Lúcia (Abud). Orlando  faleceu em 1946. Seu filho Clóvis, médico, foi vice-prefeito  e prefeito de Ourinhos (1989-1992).
Silvano foi por muitos anos  gerente de um dos dois mais importantes bancos da cidade nos anos 1930-1940, o Banco Francês e Italiano para a América do Sul; o outro era o Banco Comercial do Estado de São Paulo. Cada um deles, com  a agência e  residência do gerente,  ocupava uma de duas das extremidades da Praça Melo Peixoto:  o Francês e Italiano, na esquina com Altino Arantes (onde hoje é o Itaú) e o Comercial, na esquina com Paraná, onde hoje se acha a Casas Pernambucanas.  O Francês e Italiano foi nacionalizado durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-se o SUDAMERIS. 


Em 15-4-1936, Silvano contraiu matrimônio com Esperança Matachana, como noticiou o jornal A Voz do Povo, de 18-4-1936:


Enlace Matachana-Chiaradia 
Realizou-se, dia 15, nesta cidade, o enlace matrimonial da distincta senhorinha Esperança Matachana com o sr. Silvano Chiaradia. A noiva, que é filha do casal Luiza Garcia Matachana — Arquipo Matachana, teve como paranymphos: civil o sr. Benedicto Martins Camargo e religioso o snr. Alberto Matachana. O noivo, que é gerente do Banco Francez e Italiano nesta cidade, teve como padrinhos: civil o sr. Oswaldo Pareto e religioso o sr. Luiz Chiaradia. Os noivos, que foram muito felicitados pela nossa alta Sociedade, seguiram para o Rio de Janeiro, em viagem de núpcias.


(Benedito Martins de Camargo era prefeito nessa ocasião e Oswaldo Pareto, funcionário da SPP). 

Como de hábito, amigos e familiares foram à estação da Sorocabana acompanhar o embarque dos noivos:


Foto de autoria desconhecida.
A penúltima mulher à esquerda é do dona Laudelina, esposa do dentista José Felipe do Amaral. O penúltimo à direita, de chapéu,  é o prefeito Benedito Martins de Camargo.

O retorno do casal foi apontado por um repórter do jornal que cobria a chegada e o retorno de passageiros na estação da Sorocabana, na coluna Itinerantes, de 2-5-1936:



Regressaram de S. Paulo: os srs. Seraphim Rodrigues de Souza e família, Mansur Abujamra e José de Alencar Franco, prefeito interino; de Itapolis o sr. Mario de Castro e familia. Ainda de São Paulo, o snr. Silvano Chiaradia e exma. esposa. 

Após deixar a gerência do Banco, Silvano adquiriu a gráfica A Cidade de Ourinhos, que pertencera a Cândido Barbosa Filho, professor, coletor estadual e prefeito de Ourinhos.
A gráfica ficava na Rua 9 de Julho, entre o Cine Ourinhos e o Banco Francês e Italiano.






Nesta foto (editada por mim), de autoria desconhecida, vemos o casal Silvano e Esperança com a filha Célia Chiaradia Matachana (Braga) entre os empregados. Nessa foto identifico Alfredo Gurtovenko (o quarto após o casal), que mais tarde tornou-se contador e proprietário do Escritório Alfredo de Contabilidade. A saga de sua família é contada no livro de Jefferson Del Rios - Ourinhos: memórias de uma cidade paulista, nas pgs 106, 7. Outro empregado que se acha na minha memória é o terceiro após Alfredo, que morava nos fundos da loja com a esposa e uma filha, mas cujo nome me escapa.

Na parte da frente do prédio funcionava a tipografia que, nos anos 1950, passou  a vender também rádio vitrolas e discos.  Lá meu pai adquiriu uma rádio vitrola Philips estereofônica da primeira geração fabricada no Brasil, ocasião em que Silvano lhe presenteou com dois LPs da orquestra  Os Românticos de Cuba, muito apreciada naqueles anos.
Meu pai e Silvano foram amigos, unia-os o gosto pela fotografia e pela pintura. Quando o amigo adoeceu, visitava-o todo sábado à tarde. Ficavam proseando sobre a sua mocidade, a cidade no passado, pintura e fotografia.
Silvano Chiaradia faleceu no dia 19 de abril de 1984.



Vitrine da loja fotografada de dentro. Foto: autoria desconhecida.

Comentários

Anônimo disse…
João Neto escreveu : que maravilha... uma observação inescapável do enlace de Silvano e Esperança: "Como de hábito, amigos e familiares foram à estação da Sorocabana acompanhar o embarque dos noivos" José Carlos Neves Lopes, sensacional, parte de costumes da época! Obrigado!
Anônimo disse…
Ivelina, comentou: Ivelina M. Marques Maravilha ! ! Mais uma de suas delícias para o coração....
Anônimo disse…
Jefferson escreveu :
Nestas escadas de mármore, muitos jovens discutiram a vida (filosofias existenciais da adolescência, se posso assim dizer), seus planos, ou tiveram simples conversas ao acaso nos fins de noite daquela cidade que ficou várias décadas lá trás. Foi ali que me informei com um deles, que já estava em SP, sobre detalhes paulistanos (trabalho, onde morar, a nova realidade dele, enfim). Porque eu já pensava seguir o mesmo caminho.
Neste tempo, o banco chama-se Brasul, lembra-se?.

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