Há 70 anos (3)












Que motivos teriam levado o prefeito Benedito Martins de Camargo a renunciar ao cargo? Não esperou nem a inauguração do jardim (Praça Melo Peixoto), obra de sua gestão. Eis uma questão que me intriga. Sua administração estava sendo operosa como atestam decretos publicados na imprensa local.
Há, no entanto, uma nota na edição de 10 de julho de 1937, de “A Voz do Povo”, com a denominação "RUMOS..." que lança alguma pista:

"A cidade tem, desde 5 do corrente, novo prefeito. O drº Mano Filho, por todos os títulos ilustre, assume o governo municipal em uma hora muito séria e cercado de simpatias gerais.
Está no dever, portanto, de apaziguar os espíritos dos seus munícipes e administrar o município com o senso grave da responsabilidade.
Ora, o prefeito demissionário, sr. Benedito Martins de Camargo, preocupou-se demasiado com os serviços rurais e não deu à cidade a atenção precisa.
Assim, há problemas de máxima relevância que exigem a imediata atenção da Prefeitura. (...).

Sem querer fazer defesa do prefeito renunciante, sabia ele como comerciante que era - proprietário da Casa Camargo, na rua Paraná, mais tarde Casa Tone - da importância da zona rural para a prosperidade da cidade. Até os anos 1950, a melhoria das precárias estradas vicinais era uma das principais preocupações das administrações municipais, e contava para tanto com a contribuição dos próprios comerciantes, como ocorrera nesse ano de 1937, com a estrada que ligava Ourinhos ao município de São Pedro do Turvo. Bem, eis uma questão que somente depoimentos pessoais de contemporâneos ajudaria a clarear.
No dia 11 de novembro de 1937, foi inaugurado o novo jardim público. Houve festividades no campo do Ourinhense, com a presença de duas bandas municipais, ocasião em que também ocorreram dois importantes jogos de futebol enfrentando-se as equipes do E.C. Operário, C. A. Ourinhense, E.C Ipauçu e E. C. Salto Grande.
A foto, de autoria desconhecida, atesta a beleza da nova praça, orgulho dos munícipes. Com esse perfil paisagístico ela permaneceria até o final dos anos 1950, somente novas árvores foram plantadas e dado calçamento às suas ruas internas, pela administração "Barbozinha".
Benedito Martins de Camargo, morreu dois anos após a sua renúncia, vítima de complicações pós-operatórias. Foi amigo próximo de meu avô que era seu "vizinho de cerca", embora politicamente divergentes, já que José das Neves Jr era um descrente tanto de perrepistas como de democráticos. A família deixou Ourinhos, ficando na cidade apenas o irmão Joaquim Lino de Camargo que veio a ser vereador pela UDN, na primeira eleição municipal pós Estado Novo.

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