FRANCISCO DE ALMEIDA LOPES (1909-1987), MEU PAI.



Peço licença aos leitores desta página  para homenagear meu pai por ocasião do centenário de seu nascimento.
Chiquinho, como era conhecido entre os familiares e amigos (as), era um homem tímido. Não de muita prosa. Mesmo assim, cultivou muitos amigos ao longo dos anos de mocidade passados na Ourinhos dos anos 1920. Amizades essas que se conservaram com o passar dos anos.
Era um autodidata, desenvolvendo com facilidade os dons com os quais nasceu. Tinha uma enorme facilidade para o desenho natural, pintura em tela, colorir a mão fotos, e era um fotógrafo de mão cheia.

Foi colaborador de dois jornais: "Diário da Sorocabana" e  "Jornal da Divisa".
Foi, talvez, a pessoa de melhor coração que já conheci. Nunca disse um não a ninguém, o que acabou por lhe trazer algum prejuízo ao longo da vida. Também nunca ouvi sair de sua boca qualquer comentário desabonador a respeito de pessoa que ele tivesse conhecido. Foi sempre muito chegado à família, a sua e a de sua esposa. Enquanto viveu, foi o elo entre os vários primos que moravam em cidades diversas, visitando-os anualmente.
Tinha um amor todo especial para com a cidade onde foi criado, Campinas, e à cidade de adoção, Ourinhos.
Ambas foram objeto de belas fotos que as suas máquinas registraram ao longo de quase sessenta anos.
Nos anos em que morou em São Paulo, em todas vezes em que ia a Ourinhos, várias ao longo do ano, sempre levava aos seus amigos fotógrafos, um exemplar da revista da Cinótica.


Um deles, o "Carnaval", lhe fez  uma homenagem publicada no Jornal da Divisa,  (25-7-1987) p. 6, uma sema após a sua morte.
SOCIAL
"Foto", um pedacinho de papel que se perpetua através dos anos e ilustra entre outras coisas as transformações físicas e grandes momentos .
Ourinhos tem vários e grandes fotógrafos, e Vraudemiro Roque Carnaval passou para o papel uma mensagem a um grande fotógrafo e professor e todos nós cujas fotos por ele realizadas contam boa parte da história da nossa cidade. Srº Francisco Lopes."

"Velho Chiquinho nosso amigo. Sou fotógrafo de vinte anos; Chiquinho de muito mais, hoje sou um profissional, Chiquinho mais que isso um profundo amante da fotografia.
Sempre acompanhou os eventos e registrou acontecimentos da cidade com sua câmera. Os quais talvez o profissional não tivesse interesse; tendo em sua casa um acervo fotográfico dos velhos tempos da nossa querida Ourinhos.
Quem não se lembra do seu Chiquinho de sobrenome Lopes, mas para nós fotógrafos da nova geração será sempre seu Chiquinho pequeno, magrinho, mas muito amoroso no que gostava de fazer.
Sempre revelando suas fotos, colecionando suas revistas de fotografias, Chiquinho nos deixa, mas a imagem daquele fotógrafo e companheiro proto a colaborar. Chiquinho se foi para sempre, mas uma coisa boa fica conosco, a boa lembrança da sua pessoa, das sua dedicação, da sua amizade, do seu interesse em prestar ajuda a nós profissionais.
Tenho  certeza Chiquinho, cumpriu sua missão, foi bom companheiro, bom pai, bom chefe de família e um dos melhores representantes da fotografia em Ourinhos, prova disso é seu arquivo fotográfico.
Gostaria de falar mais do seu chiquinho, mas a minha capacidade não vai além.
Saudades vou ter bastante. Gratidão muito mais, lembranças enquanto eu viver.
Adeus velho amigo, Adeus seu Chiquinho. 
Carnaval

Dele herdei o gosto pelo cinema, Arte que ele muito curtiu ao longo seus setenta e oito anos de vida. Não passava um mês sem os exemplares de Cinelândia e Filmelândia chegarem em casa, os quais  eu devorava ainda na infância.
Papai, sinto até hoje a sua partida e gostaria que tivesse alcançado a era da informática que, tenho  certeza, lhe traria muitas alegrias.
Tenho orgulho de ter sido seu filho, e sinto-me feliz por ter podido universalizar a sua obra fotográfica por meio da web.

A foto nos mostra o casal Amélia e Chiquinho, no Rio de Janeiro, por ocasião de suas bodas de prata, em 1968

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