O COMPLEXO DA SOCIEDADE ALGODOEIRA DO NORDESTE BRASILEIRO - SANBRA - EM OURINHOS



O "Asilo São Vicente de Paula" de Ourinhos comercializou, numa campanha para arrecadar fundos, um envelope de correspondência que trazia no verso 12 pequeníssimas fotos coloridas da cidade. Pelas fotos acredito que isso tenha ocorrido no final dos anos 1960.
Entre essas fotos há uma muito interessante porque se trata de uma tomada aérea  frontal do complexo da fábrica da Sanbra. Graças ao ângulo escolhido, é possível detalhar todas  as dependências da fábrica.
Somente ficaram de fora da foto a entrada e um armazém.
Como a fábrica ficava ao lado  da linha férrea da Sorocabana, havia  um ramal ferroviário para a descarga de vagões carregados com com caroço de algodão  de mamona e  de amendoim. Não trabalhei na época do amendoim.
O primeiro detalhe que vemos na foto  é o prédio do escritório, atrás do qual havia a balança para os caminhões que chegavam carregados do Paraná e de outras regiões de São Paulo. Do lado direito, em frente a entrada do escritório, ficava uma "guarita"com o relógio de ponto. Ao lado dele, havia um cartaz onde eram apontados os dias sem acidente na fábrica, trabalho executado  pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, a CIPA, que tinha à frente Hélio Brasiliense de Abreu, funcionário da seção pessoal.
Quando ingressei no escritório como aprendiz de arquivista, eu atendia aos motoristas no balcão, carimbando a nota fiscal que detalhava  o conteúdo dos veículos. Após o descarregamento do caminhão, as notas fiscais retornavam ao escritório a fim de serem arquivadas.  
Eu era aprendiz de arquivista, mas atuei em todos os setores do escritório nesse período, à exceção do de Vendas. Foi uma excelente experiência, inesquecível.
Seguindo adiante, vemos à direita a fábrica propriamente dita, a produção era de óleo bruto. Em sua parte central, ficavam as máquinas de descaroçamento e, ao fundo, o setor de sacaria, na qual trabalhavam várias costureiras. No período em que lá trabalhei (1962-1965), o chefe de fábrica era  Antonio Capatto.
Na frente da fábrica, à direita, ficava o amplo salão do refeitório dos operários e a Cooperativa (Associação Atlética e Beneficente Ouro Branco), dirigida  por Irineu Kucko. No refeitório eram realizadas as famosas festas de Natal.
Os funcionários e operários adquiriam na Cooperativa inúmeros gêneros alimentícios 


 Festa do Natal de 1968. No alto José Fernandes de Souza  (Revista Atualidades Sanbra)



  (Revista Atualidades Sanbra)
 Natal: Urbaninho, Cleide, Tomiko, Setuko, Yeda, Rubens Boetolocci, Tupiná, Hélio.
Foto por Francisco de Almeida Lopes




Estande da Sanbra na FAPI de 1969.  (Revista Atualidades Sanbra)

Seguindo adiante neste passeio pela Sanbra de Ourinhos, na lateral direita do prédio, localizavam-se haviam o almoxarifado a cargo de José Carlos Davanço e  a manutenção elétrica, a cargo de  Maurilio Marocco.
Na lateral esquerda, ao longo da plataforma, ficavam o escritório de Alberico Albano (Bio, responsável pelo controle de cargas) e o laboratório, onde trabalhava Mário Misato e um outro funcionário. Do outro lado da plataforma o vasto silos.
Ao fundo, à esquerda, vemos uma construção alta, o chamado "Solvente" para onde ia a borra dos grãos para extrair o último resíduo de óleo neles existentes.   Após essa extração, tinha-se o farelo que também era comercializado 
Após o "Solvente",  vê-se uma área verde onde ficava uma boa quadra de esportes, na qual realizavam-se partidas de futebol e de outras modalidades.  Mais adiante, a área residencial onde localizavam-se  as casas do gerente e  do chefe da fábrica.
Pela foto podemos visualizar todo o trajeto que, diariamente , José Fernandes de Souza (o gerente) percorria antes de entrar no escritório, passando em cada uma das dependências da fábrica. 
Às vezes,  Souza deixava a sua sala e ia para fábrica. Se nesse período ocorresse uma ligação telefônica da sede em São Paulo, eu tinha que percorrer a fábrica a sua procura.
O gerente da Sanbra e autoridades cortam a fita inaugural do estande da Sanbra por ocasião da Fapi de 1968.
 (Revista Atualidades Sanbra)

Na ampla sala  do gerente, ficavam   também o administrador, Edson Cantadori (posteriormente Carlos Theodoro de Mello) e o engenheiro Sarmento (posteriormente Carlos Sorgi).
Edson Cantadori era sobrinho dos Brandimarte, o  homem mais educado que conheci, um  autêntico "gentleman". Muito competente, assumiu a gerência da fábrica de Maringá, a maior de todas. 


Vemos nessa foto, ao centro, Edson Cantadori, já gerente da fábrica de Maringá.  (Revista Atualidades Sanbra)


Na sala da gerência eram realizadas, mensalmente, as reuniões do "Controle Orçamentário", durante a  qual cada responsável pelos setores da fábrica e o chefe do escritório tinham que apresentar suas justificativas para as alterações acusadas nas planilhas mensais.
Ainda antes do término do meu período de aprendizagem, passei a trabalhar no Controle Orçamentário, chefiado por Mário Ramalho Pereira. Faziam parte desse setor, Lauro Zimmerman Filho e Walter Breve. Laurinho e eu cuidávamos da parte de Custos, cuja planilha mensal nos dava muita dor de cabeça. Ele foi o meu tutor nessa área. 
Cuidando do  serviço de datilografia havia duas funcionárias muito competentes: Cleide (exímia datilógrafa) e Setuko Sekino, que sofria mensalmente para datilografar o enorme quadro elaborado pelo laboratório.
No comando do escritório, uma pessoa maravilhosa que viera de Bauru junto com o  srº Souza, em finais dos anos 1940, Liberto Resta. 
Na chefia do setor de vendas estava  Oscar. Na sua equipe atuavam  Elias Hage, Heitor Camacho, Yeda, Luisa e Antônio Marmo dos Santos. 
Na chefia da seção de pessoal encontrava-se o competente Rubens Bortolocci da Silva, que foi prefeito de Ourinhos alguns anos depois. Trabalhavam com ele  Tupiná,  Arlindo,  Hélio Brasiliense de Abreu e Miguel Cury Neto. Uma equipe afiada.
Havia também João Olante, um dos funcionários mais antigos, remanescente do tempo do Moinho Santista.
José Hernandes chefiava o setor de transportes, onde atuavam  Leonel, José Maria, Tércio Cembranelli e Ademar.

? - Leonel, Ademar, Brandimarte, Avanzi, João da balança, José Carlos
Foto por Francisco de Almeida Lopes

O  Caixa estava sob a responsabilidade de dois competentes ex-bancários: Dorival Avanzi e Osvaldo Marques. 
Resta citar a dona Maria, uma jovem operária que nos  servia o café trazido da cozinha do refeitório.
Natal de 1968: (1) Souza (5) Rubens Bortolocci da Silva (6) Liberto Resta (8) Miguel Farah e o filho caçula, Elias (10)Antonio Pimentel (12)Hélio Brasiliense de Abreu  (Revista Atualidades Sanbra)

Para mim, esses anos de Sanbra constituíram um laboratório de experiências altamente gratificante. 



Comentários

Unknown disse…
José Carlos
Fiquei emocionada de lembrar tantos detalhes desse lugar em que nasci e morei até casar. Algumas pessoas eu não me lembrava, percorrer o trajeto da fabrica, maravilhoso. Como gostaria que meu pai pudesse ver esse blog.
Parabéns mais uma vez por nos fazer criança e voltar a tantos lugares do passado.
cristina Della tonia marchesi disse…
O terceiro depois do sr Souza é meu pai Vitorio Della Tonia.
Anônimo disse…
José Carlos, o Edson Cantadori era sobrinho dos Brandimarti, filho de uma irmã deles a Litéia. Ele era meu primo, pois a vó dele, a Albina Gabriotti Branimarti era irmã do meu pai.
Cida Gabrioti
cidagabrioti@gmail.com

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