AS FIGUEIRAS DA PRAÇA MELO PEIXOTO

Não se esqueça de clicar sobre a foto.
Já falamos aqui das "Andá-açu" que ainda estão a embelezar a praça mais antiga de Ourinhos. Esta foto, feita por meu pai no limiar dos anos 1950, chamou minha atenção para a espécie de Figueira denominada figueira benjamim, originária da Índia. Ela se desenvolve rapidamente, o que me leva a crer que suas mudas tenham sido plantadas na praça durante os anos 1940.

Com copas largas, elas propiciavam abrigo para o sol escaldante que predomina em nossa cidade na maior parte do ano. Numa época em que os bancos de pedra tinham encosto, eles eram, portanto, bastante utilizados. Seu grande problema é o fato de as raízes deformarem o piso. Em seus troncos, bandos de andorinhas faziam moradia. Ao final da tarde era uma beleza a revoada que faziam pelo céu da cidade. Em compensação, havia a sujeira que deixavam sobre os bancos e piso interno da praça, o que levou a administração municipal a adotar medidas para expulsá-las da cidade.

Nos anos 1950/1960 uma peste denominada "tripes" abateu-se sobre os ficus no Brasil. Tratava-se de um inseto miudinho que se abrigava sob suas folhas e que com o calor excessivo levantavam voo muito rapidamente e, às vezes, caiam sobre os olhos das pessoas provocando um ardor terrível. Isso ocorreu pelo Brasil afora. A cidade Belo Horizonte foi uma das mais atingidas porque suas ruas e praças eram repletas de “fícus benjamina”.

A sabedoria popular apelidou esses insetos de "lacerdinha", referência ao político Carlos Lacerda. Pois bem, Ourinhos não ficou imune a esse ataque e as figueiras vieram abaixo. Quem se interessar pelo assunto pode consultar um trabalho acadêmico existente na web sobre o tema, denominado "À sombra dos fícus: cidade e natureza em Belo Horizonte" (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X2007000200003&script=sci_arttext).

Essa foto ainda nos proporciona uma visão de como era a Praça no período que antecedeu a sua reformulação para o que temos hoje, na gestão Paschoalick. Em primeiro plano, de frente para a Igreja Matriz havia o belo Marco Zero mandado edificar pelos rotarianos, em 1948, e hoje afundado na sua quase totalidade! A calçada interna era no padrão português.

Observe-se a existência do tanque de areia à esquerda, construído por ocasião do paisagismo levado levado a cabo pelo prefeito Camargo, em 1937, e, à direita, o antigo coreto de 1927. Outro detalhe, sãos os belos postes de ferro fundido trabalhado que hoje adornam o calçadão.

Comentários

Marili Moreira disse…
Era exatamente assim!
Sob as frondosas figueiras brincávamos de esconde - esconde, equilibrávamos nos paralelepípedos e muitas vezes da janela da casa dos meus avós Benedita e Miguel Cury assistíamos a revoada das andorinhas, maravilha da natureza!
"O sol ao despertar
Quanta alegria traz
Feliz de quem puder
Sempre assim sonhar!"
Trecho de uma valsa de Strauss que
traduz uma maneira especial de sonhar com o nascer do sol... e entre todos os outros, esse sonho de desfrutar essa paisagem única, praça da minha infância, pra mim é real!
Abraços,
Marili
Bravo Marily, que belo comentário!!
Abs.
José Carlos.
Julieta, que vieu em Ourinhos nessa época escreveu:
J. Carlos,
também fui moradora de ourinhos, até 1960;
não me lembro muito bem de você, mas gostaria de manter contato, para comentários sobre a cidade.
No ginásio tive como colegas a Inês Cubas, a Maria Aparecida Zanoni, e outros amigos.
Lembro-me vagam,ente do Jefferson, do Aureliano.
Meu pai trabalhava no Banco do Brasil, e fazíamos várias "brincadeiras dançantes" na minha casa, na Rua Silva Jardim.
Hoje estou casada e já sou avó, de uma menina.
Abraços.
Maria Julieta

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