AS ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DE OURINHOS E O TREM DE FERRO

Esta foto, de autoria desconhecida, teria sido da chegada do trem a Ourinhos, em 1908, no governo do presidente do Estado Manuel de Albuquerque Lins, que está na varanda do vagão.

Ourinhos teve como pai o café, por mãe a  ferrovia, e o trem de ferro por  padrinho. 
O núcleo inicial formou-se, há mais de cem  anos, em torno de uma  pequena estação ferroviária, edificada para servir de parada ao o trem que demandava o interior do estado, conforme o avanço do café.


A primeira estação, no início dos anos 1920.

Outra estação, mais ampla e bonita sucedeu-a em 1927. 



 Meu pai e amigos no pátio da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina -RVPSC, anos 1950. Ao fundo o antigo pontilhão de madeira.

Esta é a Estação da Sorocabana inaugurada em 1927. Foto por Francisco de Almeida Lopes.

O movimento dos trens de passageiro foi muito grande até metade dos anos 1960. O horário mais procurado era o do trem que vinha de Presidente Prudente. Ele deixava Ourinhos por volta das 20h00, chegando a São Paulo cerca das 6h00 da manhã.
Para poder escolher um lugar melhor, muitas vezes meu pai ia até Salto Grande para lá embarcar e reservar nossos assentos. Havia o “Ouro Verde” e o moderníssimo (anos 1950) “Pulmann”, todo de aço ambos com cabines e restaurante.
A parada mais longa na viagem era a na estação de Botucatu. Meu pai sempre descia do trem,  retornando  alguns vagões mais à frente, deixando ansioso o filho que desatava a chorar ao ver  o trem partir sem o pai.
Na parte central  da estação, ficava a sua entrada, onde havia uma bela porta de ferro trabalhado. No seu interior, de ambos os lados, localizavam-se as bilheterias. Passava-se pela roleta para picotar os bilhetes e adentrava-se na longa plataforma. À direita da entrada principal localizava-se o bar da estação.
Na ponta esquerda da foto, pode-se visualizar a plataforma de embarque do trem que demandava o norte e o sul do Paraná, via Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, mais tarde Rede Ferroviária Paraná-Santa Catarina. A entrada para a sua bilheteria e plataforma de embarque ficava nessa direção.
A foto teve a felicidade mostrar os meios de transporte mais comuns na época: o automóvel, a carroça, e a jardineira, todos estacionados na frente da estação. Em primeiro plano um casal recém chegado.
O jornal local mantinha uma coluna denominada “Itinerantes”, na qual um repórter apontava os que partiam e o os que chegavam na semana (Viajou para o Rio de Janeiro.fulano de tal...Regressaram de São Paulo.beltrano e filhos...).
Foto por Francisco de Almeida Lopes.
Contemporâneo das duas estações, o professor Luciano Corrêa da Silva registrou no soneto “Viagem”:
Estação, foste a primeira
noutros tempos da cidade.
Cortejou-te a realeza
nos quartéis da mocidade .
(O autor alude à passagem pela estação do príncipe de Gales, futuro rei Eduardo VIII, da Inglaterra, demandando o norte do Paraná, em 1931)
Nos quartéis da mocidade.
Agora te vejo presa
Ao destino que invade,
Me trazendo mais tristeza
Pelos trilhos da saudade.
Ontem, pompa e fidalguia:
Hoje, pobre e abandonada...
Velha estação, que ironia,
Quanta lembrança perdida,
Com tanto trem de chegada,
Como muito mais partida!...

A estação de 1927 serviu-nos até o início dos anos 1960, mais precisamente 1964, quando foi inaugurada uma nova pelo Governador Ademar de Barros. Nos anos 1970, o transporte de passageiros foi desativado, e hoje a estação serve apenas ao transporte de carga.   
Eu e meus primos Francisco Eduardo e Mário Sérgio Neves Bernardini, na plataforma da nova estação, nos anos 1960. Foto por Francisco de Almeida Lopes  

O trem de ferro, o mais belo meio de transporte criado pelo homem, aparece aqui em toda a sua pujança, retratado na estação ferroviária da Sorocabana em 1953. Foto por  Francisco de Almeida Lopes.



Comentários

Anônimo disse…
José Carlos,
Concordo plenamente com voce.
Tambem sou fã do trem de ferro.
Que foi reduzido a pó,por sucessivos governos,enquanto,em outros paises se desenvolveu e se modernizou tanto ou mais que outros meios de transporte.
É de doer o coração,ver a que ponto chegou o sistema ferroviário brasileiro.
Nilza Ferrari Tudisco disse…
Nilza Ferrari Tudisco escreveu:
Parabéns José Carlos

Cada recordação linda que seu pai guardou parabéns.
abs
nilza

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